Por que o dólar subiu tanto? - Monte Bravo

Por que o dólar subiu tanto?

27/04/2022 às 15:40

27

Quarta

Abr

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Investidores têm visto a disparada do dólar desde o início da semana passada. Durante o feriado prolongado, a moeda americana subiu mais de 4%, na maior alta desde março de 2020, voltando aos R$ 4,80. Nesta semana, o dólar chegou a encostar nos R$ 5,00. E aí fica a dúvida: por que o dólar está subindo tanto? Ou melhor: por que o real está desvalorizando tão rápido?

O real vinha se valorizando desde o início de 2022 com a entrada de investimento estrangeiro na Bolsa de Valores brasileira. Mas alguns fatores contribuíram para a subida da moeda americana e a queda do real.

1 – Covid-19 na China

Com o coronavírus voltando a provocar surtos da Covid-19 no país, cidades chinesas entraram em lockdown. A política do governo para conter casos acionou alertas para o mercado.

“Há hoje um receio sobre as políticas na China para conter a Covid-19. Estamos vendo queda de commodities que o Brasil exporta em função disso também, o que pressiona o real”, explica Luciano Costa, economista e sócio da Monte Bravo.

2 – Política Monetária do Fed

A inflação nos Estados Unidos atingiu o maior nível em 40 anos, o que acionou o sinal de alerta do mercado. O U.S. Dollar Index (DXY), índice que mede o desempenho do dólar, já valorizou 6,04% desde o início deste ano. Em relação à moeda brasileira, ele segue em baixa, com queda de 12,58% no ano.

“O banco central americano vem emitindo sinais de que o ciclo está chegando ao fim, mas com algumas possibilidades de alta nas próximas reuniões. Isso faz com que o mercado perceba que, talvez, o diferencial de juros fique um pouco menor para o real, considerando essa política mais hawkish do Fed”, explicou Luciano.

A situação ficou pior depois da Isso se exacerbou na semana passada quando o presidente do Fed, Jerome Powell, declarou que estava a favor de uma aceleração no ritmo do aumento de juros pelo banco. A fala repercutiu por alguns dias, impactando diretamente no câmbio e mercados globais.

3 – Guerra entre Rússia e Ucrânia

Quando o conflito começou, o mercado acreditava na conclusão rápida da guerra. No entanto, após diversas rodadas de negociações, a dificuldade em por fim ao confronto e as inúmeras restrições do Ocidente à Rússia, investidores viram o petróleo subir e a Europa enfrentar uma crise energética. Nesta semana, a Rússia cortou o fornecimento de gás natural para Polônia e Bulgária.

“A moeda americana já vinha com muita força frente a uma cesta de moedas globais. A única moeda que estava se valorizando mais que o dólar era o real por ter recebido muito capital estrangeiro em virtude da guerra da Rússia e da Ucrânia, no qual saiu capital da Rússia e migrou para outros países emergentes. Nesse sentido, o Brasil foi muito beneficiado pela alta do preço das commodities e o Brasil é, majoritariamente, um país que tem dependência muito forte das commodities e é fornecedor desse segmento pro mundo todo. E aí, recebemos muito dólar. Quando o dólar se desvalorizou, chegando a R$4,60, a Covid voltou ao centro das atenções na China de novo. Foi quando a revisão referente ao PIB Chinês começou a ser reavaliada com dúvidas do crescimento do governo chinês que é o grande parceiro comercial do Brasil e as commodities começaram a cair. Foi quando vimos o Ibovespa recuando e a diminuição de recebimento de capital estrangeiro para o Brasil”, explica Bruno Madruga, head de Renda Variável da Monte Bravo.  

4 – Política brasileira

O cenário político e econômico no Brasil, que tem eleições no segundo semestre, também contribui para a desvalorização do real. Investidores temem que o governo fure novamente o teto de gastos.

Por que a alta do dólar assusta investidores?

A alta da moeda americana já era observada no mundo inteiro por causa do conflito entre Rússia e Ucrânia, além, é claro, do aumento da inflação no mundo inteiro. Naturalmente, esse cenário reflete também o risco global. E, em momentos como este, o mercado americano é visto, por muitos investidores, como uma espécie de porto seguro, o que impulsiona ainda mais a valorização.

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