Como a alta do dólar vai afetar - Monte Bravo

Como a alta do dólar vai afetar

22/04/2024 às 12:12

22

Segunda

Abr

3 minutos de leitura
Compartilhar

O dólar  não para de subir. Na terça-feira (16), a moeda chegou ao pico de R$ 5,2873, antes de fechar cotada a R$ 5,2697, com alta de 1,64%, na maior cotação desde março do ano passado. Dentre os motivos estão a escalada de tensão entre Irã e Israel, as mudanças no quadro fiscal do Brasil e a economia ainda aquecida nos Estados Unidos, que atrasa cada vez mais o início do ciclo de corte de juros por lá.

Segundo especialistas, a tendência é que a divisa americana permaneça em patamar elevado, o que pode ter impacto na economia real, desde o preço dos alimentos até o custo das passagens aéreas.

Do frete de caminhão à passagem de avião

No fim de semana, o Irã atacou Israel com drones e mísseis, numa espécie de resposta ao bombardeio ao consulado do Irã em Damasco, na Síria. Israel, que não assumiu nem negou a autoria da incursão, disse que planeja revidar.

Autoridades do mundo todo ficaram alarmadas, com medo de que a guerra entre os países ganhe escala, envolva outras nações e ainda afete o comércio de petróleo. O preço do barril de Brent, no entanto, permanece estável, a US$ 90,02.

Tanto a alta da commodity, quanto a do preço do dólar podem encarecer o preço dos combustíveis no Brasil e, por consequência, elevar o custo do frete e dos produtos transportados pelas rodovias do país.

O valor das passagens aéreas também poderia ficar mais alto nesse cenário, já que as companhias de aviação teriam custos maiores. Segundo a Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), cerca de 60% das despesas das aéreas é de itens dolarizados, o que inclui gastos com combustíveis, manutenção, entre outros.

A Petrobras se mantém em compasso de espera para entender o cenário mundial antes de fazer qualquer reajuste. Na segunda-feira, a defasagem do preço da gasolina no país em relação à cotação internacional estava em torno de 19%, de acordo com a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom).

Impacto de alta persistente

O Boletim Focus divulgado nessa terça apontou uma queda das projeções da inflação de 2024 de 3,76% para 3,71%. Em contrapartida, elevou a previsão do dólar para o fim do ano de R$ 4,95 para R$ 4,97.

Para Luciano Costa, economista-chefe da Monte Bravo, o dólar deve se manter em patamar elevado, por volta de R$ 5,10, pelo menos até julho, quando prevê o início do ciclo de corte de juros nos Estados Unidos.

Foco na economia americana

Costa aponta que a mudança na meta fiscal no Brasil ajuda a aumentar o cenário de incertezas, afugentando investidores estrangeiros.

O governo propôs que o resultado fiscal de 2025 seja zero, o que significa que as despesas serão iguais às receitas, ao invés de um superávit para o ano que vem. Em resposta, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reagiu afirmando que uma “âncora fiscal menos transparente aumenta o custo da política monetária”.

Mas a mudança na política fiscal não deve afetar o mercado por mais dias, avalia Costa. O que preocupa mais é quando os Estados Unidos começarão a cortar juros. Os dados do varejo americano vieram acima do esperado esta semana, indicando que a economia segue aquecida.

Se no início do ano havia otimismo de corte na taxa no segundo trimestre, não há mais. Falas constantes de membros do Federal Reserve apontam para a necessidade de dados consistentes que mostrem que a inflação está controlada para começar a redução dos juros nos EUA. De acordo com a ferramenta do CME Group, mais da metade dos analistas consultados acreditam que a taxa vai se manter no atual intervalo de 5,25% a 5,5% até a reunião de julho.

Fuga de investimentos

Na prática, o juro alto nos Estados Unidos, país que é considerado a economia mais segura do mundo, acaba atraindo investimentos de outros países, que optam por alocar em títulos do governo americano. A saída de dólares do Brasil faz com que a reserva da divisa diminua e o real se desvalorize.

Nesse sentido, Luciano Costa, da Monte Bravo, avalia que os exportadores podem trazer uma parte do caixa alocado no exterior para “ganhar” a variação cambial, o que poderia ajudar a equilibrar o câmbio. Esse movimento, todavia, depende de decisões independentes de cada empresa.

— Quem mandou dinheiro para fora com câmbio a R$ 4,90, agora consegue fazer a internalização a quase R$ 5,30, uma taxa bem mais atrativa — opina.

Leia mais no jornal O Globo

Artigos Relacionados

  • 07

    Sexta

    Fev

    07/02/2025 às 18:37

    Sala de Imprensa

    O que esperar desta temporada de balanços? Confira apostas e saiba quais setores evitar

    A temporada brasileira dos balanços referente ao quarto trimestre de 2024 começa nesta quarta (5). Para especialistas consultados pelo Valor Investe, as projeções para quase todos os setores são de crescimento na base anual, embora com desacelerações pontuais na comparação contra o trimestre anterior – um dos períodos mais fortes para muitas empresas. A melhoria dos resultados anuais não …

    Continue lendo
  • 07

    Sexta

    Fev

    07/02/2025 às 18:07

    Sala de Imprensa

    Isenção do IR até R$ 5 mil: entenda a proposta do governo

    Projeto para compensação da perda de receita já está na mesa do presidente Lula O economista-chefe da corretora Monte Bravo, Luciano Costa, comentou sobre a possibilidade de isenção do Imposto de Renda (IR) para os assalariados que recebem até R$ 5 mil. O tema voltou ao debate político após o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, …

    Continue lendo
  • 07

    Sexta

    Fev

    07/02/2025 às 17:43

    Sala de Imprensa

    Carteira Valor: Exportadoras, bancos e concessionárias lideram indicações

    Corretoras apostam em ações consideradas conservadoras e defensivas em meio a cenário ainda incerto para fevereiro O dólar até pode ter caído nos últimos dias, mas as ações de companhias exportadoras continuam no radar da Carteira Valor. Cinco dos dez papéis mais indicados para investir neste mês são de empresas que têm parte da receita …

    Continue lendo

Fechar

Loading...