Debandada no Ministério de Guedes e furo do Teto de Gastos: como ficam os investimentos? - Monte Bravo

Debandada no Ministério de Guedes e furo do Teto de Gastos: como ficam os investimentos?

22/10/2021 às 19:55

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Sexta

Out

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Por Rodrigo Franchini, Sócio e Head de Relações Institucionais da Monte Bravo

Na última quinta-feira, 21 de outubro de 2021, quatro secretários do Ministro da Economia, Paulo Guedes, pediram exoneração de seus cargos. Isso aconteceu após o presidente Jair Bolsonaro furar o Teto de Gastos da economia.

O Teto de Gastos aprovado pelo governo Temer em 2016 congelou investimentos por 20 anos, onde os custos do país seriam corrigidos apenas pelo índice de inflação (IPCA). E para dar continuidade ao programa Auxílio Brasil, no valor de R$400, ou teríamos um aumento nos impostos, ou estouraríamos o teto. E estourar o teto foi a decisão do presidente.

Quais são as implicações do aumento de gastos?

Para começar, a imagem da economia brasileira fica afetada e, portanto, a confiança no mercado brasileiro cai muito. Quando isto ocorre, há uma evasão de capital estrangeiro do país, o dólar aumenta e começa a importar a inflação. Esse cenário inicia um efeito cascata, no qual, para controlar a inflação, aumenta-se os juros, o que se traduz em crédito mais caro. 

Com o custo Brasil muito alto, não há crescimento da economia, a geração de empregos é reduzida, a renda diminui, e consequentemente, precisamos de uma nova rodada de auxílios. 

Então, o que esperar para o futuro próximo?

Se nos próximos meses o Teto de Gastos não for respeitado, o Risco Brasil pode aumentar ainda mais, fazendo a taxa Selic subir para 2 dígitos. Aproximadamente metade da bolsa brasileira é formada por capital estrangeiro, e com a saída deste capital, a taxa básica de juros precisa ser elevada, o que prejudica o desempenho da bolsa.  

Outra questão que é evidenciada é a nossa dívida pública. Quando o Copom aumenta os juros a cada um ponto, o endividamento público aumenta em cerca de R$30 bilhões. Ou seja, quando a taxa saiu de 2% para 6,25% (atual), foi gerada uma quantia extra de mais de R$100 bilhões. E uma parte do mercado já trabalha com uma elevação de mais de 1% para a próxima reunião, na semana que vem, e dois dígitos para o próximo ano.

O que esperar da Economia para os próximos dias?

Existe uma tendência a colocar de volta o crédito de confiança no mercado, porque após todas essas repercussões, ela ficou muito abalada. E isso não é algo que se conquiste novamente com facilidade. Com a  quebra do Teto de Gastos, o mercado se sente acuado e sem confiança no governo, portanto, o benefício da dúvida já não existe mais. 

O que precisamos agora é de esforços para que reformas estruturais aconteçam, como medidas de privatizações, e que a contenção de gastos da máquina pública seja uma realidade para não termos um orçamento tão apertado. Também serão necessários esforços para tornar o Brasil um país economicamente viável, pois precisamos receber investimentos estrangeiros. E consequentemente, ter juros mais justos para ter um potencial de crescimento melhor.

Temos agora que aguardar quais serão os próximos passos do Governo, e também do Ministério da Economia, se vamos ter trocas na coordenação, e se ele voltará a ter voz ativa pois, no momento, o Ministério não tem força nos direcionamentos que o Governo dá. 

O Mercado agora começa a reprecificar o Brasil, juros, moeda e bolsa. E também entender até onde a nossa economia vai, se a quebra do Teto de Gastos é algo pontual, ou uma tendência do Governo. A grande questão é o risco Brasil e o prêmio que isso traz, afinal, quanto mais risco, mais alto espera-se que seja o prêmio de investimentos. 

E no que, você, investidor(a) precisa ficar de olho?

Todos os acontecimentos desta semana mostraram o quanto a diversificação de carteira é importante. Investidores com apenas ativos nacionais sofreram muito mais do que investidores com carteiras diversificadas. 

Os investidores de ações e fundos imobiliários, que tendem a ser mais voláteis, foram duramente afetados. Isso se aplica também para quem tem Renda Fixa, pois estes papéis foram bastante desvalorizados, afinal, eles têm novas taxas em decorrência da curva de juros. No fim das contas, tanto Renda Fixa quanto Renda Variável foram afetados, sendo este último com quedas maiores.

Com o IPCA em alta, Renda Fixa ainda é um investimento interessante, pois ativos de longa data estão pagando muito mais. O ideal é fazer a reposição na carteira, ou aguardar a normalização.

No entanto, vale sempre lembrar que toda movimentação brusca gera oportunidades. O cliente que tem liquidez começou a operar com um juros bem mais interessante, e quem tem o perfil mais agressivo, operou bastante bolsa, comprando ativos em baixas, esperando as altas do mercado. Este é um momento de paciência porque não sabemos quando os preços reais dos ativos voltarão à normalidade.

Confira a análise de Rodrigo Franchini em vídeo:

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