Vale (VALE3): dividendo extraordinário pode dar caras no 2º semestre, dizem analistas

15/09/2025 • 3 mins de leitura

Analistas de bancos e corretoras voltam a aumentar apostas sobre chance de a Vale (VALE3) pagar dividendos extraordinários após cortes em despesas de manutenção na ordem de US$ 200 milhões

Vale (VALE3)

A Vale (VALE3) conseguirá pagar mais dividendos a acionistas depois de cortes na despesa com capital de crescimento de operações, além da manutenção de campos de mineração já existentes. No mercado financeiro, essa foi a mensagem que o corte de projeções da mineradora passou a investidores. O Citi diz que a economia de US$ 200 milhões na manutenção de atividades é “diretamente relevante para recalcular” os proventos da Vale (VALE3).

Para o Bradesco, a chance de a Vale (VALE3) pagar dividendos extraordinários em 2025 aumentou após o corte de projeções.

Mesmo com a novidade, o papel da Vale (VALE3) subiu no pregão do Ibovespa na quarta-feira após a companhia realizar corte de estimativas em investimentos. As ações da Vale reagiram com alta de 0,73%, negociadas a R$ 56,60.

A Vale revisou para baixo três projeções de investimentos. Cabe dizer que o movimento era esperado pelo mercado, conforme aponta o Citi.

  1. Investimentos de capital para crescimento de operações foi reduzido de US$ 1,6 bilhões para US$ 1,5 bilhões.
  2. Desembolso para manutenção de operações foi cortado de US$ 4,3 bilhões para US$ 4,1 bilhões.
  3. Montante a ser destinado para a divisão de metais para transição energética da Vale, como níquel e cobre, caiu de US$ 2 bilhões para US$ 1,7 bilhões.

Os cortes, no total, levam o valor do investimento da Vale em 2025 a cair de US$ 5,9 para a faixa de US$ 5,7 bilhões, no máximo, a US$ 5,4 bilhões no piso. Na visão dos analista Alexander Hacking, do Citi, a tendência é de que a Vale entregue investimentos por volta do piso fornecido pela própria mineradora.

A Vale deve pagar mais dividendos como resultado do corte de projeções, de acordo com Fábio Lemos, sócio da Fatorial Investimentos. Para ele, as ações reagiram positivamente ao anúncio porque a Vale também sofreu queda no papel na terça-feira (9), após uma concorrência em um de seus portos marítimos usado no escoamento de ferro.

“A redução recaiu principalmente sobre transição energética e manutenção, refletindo cautela com o cenário global de metais e menor urgência em projetos fora do minério de ferro”, diz Lemos. “A Vale ajusta, assim, seus cronogramas e custos, mantendo o negócio lucrativo e tornando-o mais previsível.”

Como menos recursos saíram do caixa da mineradora, ela pode escolher usar o dinheiro para remunerar acionistas, completa o analista.

A redução, contudo, é classificada como “pequena” para Bruno Benassi, analista de ativos da corretora Monte Bravo. O foco da Vale ao diminuir suas projeções é de focar em eficiência, segundo o analista.

“Não é nada transformador, mas é positivo”, diz. Ele afirma que os cortes, junto à alta do preço do minério de ferro em 2025, se mantendo acima dos US$ 100, abrem margem para a Vale (VALE3) “pagar dividendos extraordinário ou anunciar novo programa de recompra de ações”.

“A probabilidade de a Vale distribuir dividendo extraordinário aumentou bem”, completa Benassi.

Após a revisão, o Bradesco também manteve tom otimista sobre o possível dividendo extraordinário da Vale no segundo semestre deste ano. Ou ainda, o banco nota que a mineradora poderia realizar um novo programa de recompra.

“Se o valor destinado a investimentos da Vale (VALE3) se mantiver em 2026, projetamos dividendos capazes de entregar 13% do valor da ação da mineradora”, calculam os analistas do banco em relatório divulgado a clientes.

Matéria publicada no Valor Investe.