Monte Bravo aposta em fee based na nova era da assessoria; entenda

02/06/2025 • 2 mins de leitura
Monte Bravo aposta em fee based na nova era da assessoria; entenda

A indústria de assessoria de investimentos está passando por uma transformação profunda no Brasil. Quem afirma é Pier Mattei, sócio-fundador da Monte Bravo, uma das maiores corretoras de investimentos do Brasil, com mais de R$ 45 bilhões sob assessoria. Em entrevista ao programa BM&C New Deal, Pier destacou que o setor vive agora a chamada “era da assessoria”, marcada por um cliente mais educado, exigente e atento à qualidade do serviço prestado.

O investidor hoje quer mais do que acesso a produtos. Ele quer conhecimento técnico, transparência e alinhamento de interesses”, afirmou.

Segundo o executivo, o modelo tradicional de remuneração baseado em comissões de produtos está perdendo espaço para o chamado fee based, no qual o assessor cobra uma taxa fixa sobre o patrimônio do cliente e abre mão das comissões. O objetivo é eliminar potenciais conflitos de interesse. “Esse formato mitiga a dúvida se o assessor está indicando um produto porque acredita nele ou porque vai receber mais por isso”, explicou.

A Monte Bravo já possui 30% de sua base de clientes nesse modelo de taxa fixa, refletindo uma mudança de cultura também do lado dos investidores. “Hoje, esse debate já é possível. Há alguns anos, nem o cliente nem o mercado estavam prontos para esse tipo de conversa”, disse Mattei.

Do Banco do Brasil ao empreendedorismo

Pier Mattei também compartilhou sua trajetória pessoal, que começou com um concurso público para o Banco do Brasil ainda aos 18 anos. Dois anos depois, contrariando a tradição familiar — seus pais também trabalharam no BB —, decidiu deixar a estabilidade para empreender como agente autônomo, fundando a Monte Bravo ao lado de Felipe Portela, em 2010.

O início foi modesto, com um pequeno escritório em Santa Maria (RS), mas com ambição de transformar a relação do brasileiro com seus investimentos. A virada veio com a mudança para São Paulo, em 2017, e o vínculo com a XP Investimentos.

Saímos de 500 milhões para 45 bilhões em menos de uma década”, destacou. Ainda assim, Mattei afirma que o potencial é muito maior: “O mercado tem mais de R$ 12 trilhões. A jornada está só começando”.

Fase de consolidação e profissionalização

Para Mattei, o setor já passou pelas fases dos bancos e das plataformas, e agora entra em um estágio de maturidade. “O cliente quer alguém que vá além da venda. Ele quer assessoria de verdade, com conhecimento técnico, certificações, acompanhamento e, acima de tudo, imparcialidade”, disse.

O executivo alerta que essa nova fase exige mais preparo dos profissionais. “Não basta ser bom de relacionamento. É preciso entregar resultado com consistência.”

Cenário econômico e eleições

Ao comentar o comportamento recente da bolsa de valores, que sobe mesmo com juros elevados, Mattei reforçou que o mercado financeiro trabalha com antecipação. “O investidor já está precificando uma possível mudança no cenário político em 2026”, afirmou, referindo-se à expectativa de que um candidato de centro-direita ganhe força. “Mesmo sem sinais concretos, só a redução do pessimismo já tem efeito sobre os preços dos ativos.”

Assista à entrevista:

Entrevista produzida pelo canal BM&C News.