Sala de Imprensa
21/02/2024 • 4 mins de leitura
Cenário econômico e política fiscal no Suno Notícias
Cenário econômico: com a aprovação pelo Congresso, a execução do…

Com o mercado avaliando as condições para o início do ciclo de cortes de juros em janeiro, o debate sobre a comunicação recente do Banco Central e o cenário fiscal voltou ao centro das atenções. As expectativas de inflação passaram a mostrar trajetória de queda, enquanto a Selic permanece em 15% em um ambiente internacional que favorece países emergentes.
Nesse contexto, Alexandre Mathias, estrategista-chefe da Monte Bravo, afirma que o Banco Central adotou uma postura mais conservadora na tentativa de reconstruir credibilidade após um período marcado por críticas do governo. Ele destaca que essa mudança aparece na melhora das expectativas de inflação para este ano e os próximos.
Mathias avalia que o atual conjunto de dados já oferece condições técnicas para o início da flexibilização monetária. Segundo ele, o corte poderia ocorrer entre dezembro e abril, mas janeiro se apresenta como um momento apropriado. O estrategista-chefe cita que reduções de 0,50 ponto percentual por reunião seriam uma possibilidade, reforçando que esse movimento ainda dependerá da avaliação de dados.
Ao analisar o quadro fiscal, Mathias afirma que o aumento de gastos, o crescimento do endividamento e estímulos que mantêm a atividade acima do potencial têm reduzido a potência da política monetária. Para ele, esse ambiente exige maior atenção à dinâmica fiscal. Apesar disso, o cenário global — com perspectiva de queda dos juros nos Estados Unidos — tem impulsionado fluxos para mercados emergentes e diminuído a sensibilidade dos preços dos ativos aos fatores domésticos.
O economista observa ainda que a trajetória da dívida pública, que pode se aproximar de 90% do PIB nos próximos anos, reforça a percepção de desequilíbrio. Ele aponta que práticas envolvendo estatais superavitárias e deficitárias resultam em gastos fora do arcabouço fiscal, reduzindo a credibilidade das regras. Para Mathias, a discussão sobre ajuste fiscal deve ganhar força a partir do segundo semestre de 2026, com a aproximação do calendário eleitoral.
Sobre os impactos para a Bolsa, Mathias avalia que setores sensíveis aos juros tendem a ser favorecidos pela queda da Selic ao longo de 2026 — entre eles bancos, construção, locadoras e consumo discricionário. Ele pondera que questões específicas de algumas empresas limitam a abrangência das oportunidades, enquanto investidores estrangeiros concentram fluxo em companhias de maior capitalização.