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21/02/2024 • 4 mins de leitura
Cenário econômico e política fiscal no Suno Notícias
Cenário econômico: com a aprovação pelo Congresso, a execução do…
A sessão pós-balanço do Banco do Brasil (BBAS3) é marcada por forte volatilidade das ações, com os papéis abrindo em queda, zerando e depois virando para alta, oscilando durante toda a sexta-feira (15).
O tão esperado resultado, com queda do lucro de 60%, a R$ 3,8 bilhões, veio com sinalizações negativas, com números decepcionantes até depois das revisões negativas para lucro e proventos nas últimas semanas, mas também gerando questionamentos se pode haver oportunidades após a recente queda dos ativos. No ano, as ações caem cerca de 15%.
A maior parte dos analistas de mercado segue com recomendação neutra ou equivalente (manutenção ou equalweight, exposição em linha com a média) para os ativos, conforme aponta compilação da LSEG. De 11 casas que cobrem BBAS3, 3 recomendam compra, 7 recomendam manutenção e 1 recomenda venda.
A Ativa Research rebaixou a recomendação das ações após o balanço, de compra para neutro, colocando o preço-alvo em revisão.
Os analistas da casa ressaltam que a estatal apresentou novamente um resultado muito fraco e abaixo das expectativas, sendo que a principal questão continua sendo o desempenho na carteira de crédito do agronegócio, que apresenta desempenho irregular entre as culturas e, desde a entrada em vigor da Resolução CMN 4.966/21, tem exigido elevação das provisões para perdas esperadas.
Já a Monte Bravo manteve recomendação neutra para os ativos, com preço-alvo de R$ 22,50 para BBAS3, um potencial de alta de 13% frente o último fechamento.
A casa lembra que, com o resultado, o banco divulgou suas novas projeções para o ano – o que a companhia deveria ter realizado com a divulgação dos números do 1T25. O BB revisou para baixo o lucro esperado para o ano para a faixa entre R$ 21 bilhões e R$ 25 bilhões (versus R$ 37 bilhões e R$ 41 bilhões na projeção anterior), aumentando a PDD (provisão para devedores duvidosos) para R$ 53-56 bilhões (versus R$ 38-42 bilhões). Na avaliação da casa, dadas as incertezas em relação a trajetória do crédito, elas parecem otimistas.
O banco também aproveitou para rebaixar o payout (porcentagem do lucro pago na forma de dividendos) de dividendos para 30% do lucro líquido, o que no meio da faixa dos lucros projetados daria um dividend yield (dividendo em relação ao preço da ação) entre 5,5% e 6,5%.
Para a Monte Bravo, o banco ainda não tirou o pé do acelerador, o que, na sua opinião, deveria ter sido feito.
Os analistas da casa ressaltam que sempre foram um dos times mais negativos sobre os resultados de Banco do Brasil, mas não esperavam que a deterioração fosse acontecer de maneira tão rápida como aconteceu. “Independente disso, erramos ao não sermos mais vocais sobre os impactos que projetávamos”, apontou.
Assim, olhando para hoje, o banco parece negociar em múltiplos atrativos. “Apesar disso, temos dúvidas se o banco vai realmente entregar suas projeções e, por isso, continuamos neutros em relação aos papeis do BB”, avalia a casa.
A Monte Bravo entende que o banco tem capacidade de recuperar seus resultados e voltar para um lucro mais próximo dos R$ 30-35 bilhões por ano, o que realmente tornaria os atuais múltiplos “muito descontados”. “No entanto, hoje temos muitas dúvidas sobre o tempo que isso demandará e não temos visto o banco tomando os remédios amargos para acelerar essa retomada”, avalia.
Em teleconferência, a presidente-executiva do BB, Tarciana Medeiros, ressaltou que o Banco do Brasil deve mostrar um resultado pressionado por inadimplência no terceiro trimestre ainda em razão de operações na carteira de crédito do agronegócio, com melhora apenas no final do ano.
XP, BTG Pactual, Morgan Stanley, JPMorgan, Goldman Sachs, Itaú BBA e Genial Investimentos estão entre as casas que também têm manutenção para os ativos BBAS3.
A XP ressalta que a inadimplência continuou a pesar significativamente no 2T, e a indicação de que julho permanece pressionado adiciona mais incerteza sobre o ponto de inflexão para a recuperação.
Já o BTG avalia que, negociando a 0,63 vez o último valor patrimonial, ainda não vê motivo para otimismo com BBAS3, dado que acredita que a deterioração dos resultados está vindo “de elevador”, enquanto a recuperação tende a “subir de escada”.
O JPMorgan, por sua vez, mantém neutro avaliando que os ciclos de crédito tendem a ser mais longos; para o Goldman Sachs, a nova projeção de lucro pode ajudar a ancorar as projeções, mas veem riscos inerentes à execução. O Itaú BBA segue cauteloso, buscando maior visibilidade sobre as tendências de piora contínua da qualidade do crédito.
Na outra ponta, está Malek Zein, analista da Eleven Financial, que tem recomendação de compra para as ações do BB, mas enfatizando que se trata de uma visão de médio prazo, não de um trade tático.
O analista acredita que o guidance de lucro para 2025 é extremamente otimista e difícil de ser atingido, uma vez que o lucro do segundo trimestre foi beneficiado por impostos diferidos. Na visão da Eleven, 2025 será um ano muito ruim para o Banco do Brasil, possivelmente o pior dos últimos 20 anos em termos de ROE (rentabilidade medida pelo retorno do patrimônio líquido).
Porém, apesar do cenário negativo de curto prazo, Zein destaca que a cotação atual já reflete grande parte dos riscos, negociando historicamente abaixo de 0,7 vez o valor patrimonial, o que costuma ser um ponto de entrada interessante.
“A expectativa da Eleven é que o banco normalize seu retorno sobre capital investido (ROI) acima do custo de capital até meados de 2027”, reforça.
Notícia publicada no InfoMoney.