MB Sócios
17/09/2021 • 2 mins de leitura
O que a tensão entre os três poderes pode ensinar ao investidor?
Por Rebeca Nevares, Sócia da Monte Bravo. Se você conversar…
Por Rebeca Nevares, Sócia da Monte Bravo.
As últimas semanas foram bastante movimentadas no mercado brasileiro. O mês de maio foi marcado pela alta do nosso Ibovespa, que bateu a marca de 129 mil pontos no dia 02/06. Contudo, será que estamos realmente no pico?
De acordo com o estrategista da XP Investimentos, Fernando Ferreira, o Ibovespa está deflacionado quando olhamos IPCA e outros indicadores. Segundo o analista, é preciso que o índice suba cerca de 20% para chegar ao pico de 2008. Se considerarmos o IGP-M, a alta precisa ser superior a 50% para chegarmos ao topo.
Porém, para que o cenário positivo se concretize e a bolsa possa bater novos recordes, alguns fatores precisam ser confirmados. Um deles, por exemplo, é o ciclo das commodities. Alguns analistas dizem que o ciclo atual deve durar cerca de dois anos, porém, há a possibilidade de que ele evolua e permaneça durante cinco ou seis anos.
Diante disso, olhar para o setor é fundamental, pois a bolsa brasileira ainda é bastante dependente dessas empresas, que correspondem a cerca de 36% do nosso índice. Se tirarmos este fator do mercado no Brasil, segundo Fernando Ferreira, nossos ativos estão relativamente caros.
Neste sentido, é preciso ficar atento a este movimento, que certamente será afetado pela retomada econômica mundo afora. Vale lembrar que ainda temos estímulos sendo lançados mensalmente nas economias pelo Banco Central Europeu e Federal Reserve, algo que sem dúvida ajuda a inflacionar o preço de ativos e insumos.
Por outro lado, o pacote de infraestrutura americano também é outro ponto que deve ficar no radar do investidor brasileiro. Caso ocorra de fato, as commodities possivelmente serão beneficiadas e podem puxar o nosso índice para cima.
Algumas áreas e casas de research falam em um Ibovespa em 145 mil pontos ainda em 2021.
Em meio ao barulho gerado pela pandemia e pela CPI da Covid, muitos investidores acabaram não olhando para questões como o Orçamento de 2021, PEC Emergencial e redução da dívida/PIB. Todos esses pontos evoluíram nos últimos meses e podem ser drivers importantes para o Ibovespa bater novos recordes.
Na última semana, por exemplo, o PIB do primeiro trimestre de 2021, divulgado pelo IBGE, registrou crescimento de 1,2% e várias casas de análises começaram a rever suas projeções.
O fluxo de recursos estrangeiros que entra no país também melhorou e o real foi a moeda com os melhores resultados frente ao dólar no mundo todo durante o mês de maio.
Para que este movimento permaneça, é importante que o ritmo de vacinação aumente e se mantenha em níveis elevados nos próximos meses.
Além disso, um ponto para o investidor ficar atento diz respeito à inflação norte-americana. Caso ela não seja transitória, como afirma o Federal Reserve, os Bancos Centrais possivelmente vão retirar estímulos e o mercado lá fora pode sofrer uma correção, oferecendo pontos de entrada mais atrativos.
De forma resumida, acredito que ainda há espaço para que a bolsa suba. Contudo, existem diversos fatores que podem provocar ruídos e prejudicar os investidores. É preciso ter atenção para não ser pego de surpresa.
Bons negócios!