Ômicron: quais os impactos da nova variante na economia e nos investimentos? - Monte Bravo

Ômicron: quais os impactos da nova variante na economia e nos investimentos?

02/12/2021 às 16:46

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Quinta

Dez

4 minutos de leitura
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A última semana marcou o início de um novo capítulo da pandemia de Covid-19 no mundo: a chegada de uma nova variante, a Ômicron. A nova versão, descoberta na África do Sul, foi classificada como uma grande preocupação, uma vez que apresenta 50 mutações – 30 delas na proteína spike -, parte que conecta o microrganismo à célula humana para iniciar a infecção e é o alvo da maioria das vacinas contra o coronavírus.

A velocidade de transmissão da Ômicron é destaque entre as demais variantes. O assunto ganhou as redes sociais após um gráfico do jornal “Financial Times” comparar a propagação de diversas variantes, incluindo a Delta, uma das mais conhecidas versões do vírus. Os dados, no entanto, se referem apenas à África do Sul, onde é muito baixo o percentual de pessoas vacinadas.

Gráfico divulgado pelo jornal “Financial Times”

Mercados globais têm operado de forma mista em meio às preocupações do impacto da nova variante.

Fronteiras fechadas por causa da Ômicron

Marco zero da nova cepa, a África do Sul e países como Botsuana e Lesoto estão no centro dos holofotes mundiais. Mas é importante ressaltar que, mesmo diante dos indícios de maior facilidade de contágio, até agora não foi registrado nenhum óbito em decorrência da nova variante.

No entanto, diversos países já anunciaram fechamento de fronteiras aos países do Sul da África. Entre eles estão nações do Oriente Médio, da União Europeia, da Ásia e da América Latina, incluindo o Brasil. A Organização Mundial de Saúde (OMS) afirmou que ao menos 23 países das 5 de 6 regiões do globo já detectaram casos da variante, e que “espera que esse número aumente”.

Nos aeroportos sul-africanos, turistas entraram em pânico após o anúncio da nova variante. O Japão proibiu a entrada de todos os estrangeiros como parte do plano para limitar a transmissão da Covid.

Aqui no Brasil, um passageiro vindo da África do Sul testou positivo para Covid-19 após decidir fazer o exame por conta própria, sem recomendação de nenhuma autoridade sanitária. Além disso, algumas cidades brasileiras já cancelaram festas, eventos e shows de réveillon por receio que a nova variante aumente a taxa de contaminados e mortos pela doença.

E aí, você investidor(a), pode estar se perguntando: teremos uma nova onda de Covid-19? Existe a possibilidade de lockdown por aqui? A Ômicron vai impactar as economias brasileira e mundial? É hora de olhar para quais investimentos?

Antes de mais nada, é importante não entrar em pânico. Conversamos com alguns especialistas para te explicar o que precisa de sua atenção e quais movimentos o mercado está fazendo após a chegada da Ômicron.

A incerteza da Ômicron e os impactos na economia

Com a descoberta recente da mutação, o mercado ainda reage à insegurança e à falta de informação sobre a Ômicron. No entanto, de acordo com o economista da Kilima Asset, José Luciano da Costa, países que estão com imunização completa ou mais avançada tendem a ter posição mais favorável para lidar com a nova variante – quando levamos em consideração as informações divulgadas até o momento sobre a cepa.

“Isso deve provocar fechamentos menos intensos do que o visto em momentos anteriores da pandemia. É possível que os países em geral optem por fechamentos das fronteiras ao invés de novos lockdowns, e passem a exigir a vacinação e reintroduzam medidas sanitárias flexibilizadas”, explicou.

No caso do Brasil, José Luciano não acredita em grandes impactos de curto prazo.

“A economia brasileira é relativamente fechada com a participação em torno de 15% das exportações no PIB, o que limita o impacto da eventual desaceleração global. Além disso, como a experiência anterior da pandemia sugere, a pauta de produtos exportados pelo Brasil é beneficiada caso novas medidas de restrição sejam implementadas com mais vigor nas principais economias. O impacto na economia brasileira será mais intenso caso ocorra novos lockdowns domésticos, o que não é o cenário mais provável com as informações disponíveis e com o nível de imunização completo da população adulta e das idades mais suscetíveis ao vírus”, explicou.

Na visão de Rodrigo Franchini, Sócio e Head de Relações Institucionais da Monte Bravo, as incertezas com relação à variante fazem com que investidores procurem se proteger da volatilidade.

“Essa insegurança faz com o que o mercado busque ativos protetivos. Isso inclui bolsas de primeiro mundo e, principalmente, bolsas de mercado emergente. Então, volta-se a atenção aos ativos protetivos, como moedas fortes – e, por isso, vemos a valorização do dólar. Além disso, vemos uma diminuição de liquidez no mercado, uma vez que o programa de tapering do FED já está sendo colocado em prática. Ou seja, as bolsas já receberiam, de fato, menos estímulo, o que culmina na percepção de risco nos mercados emergentes maior”.

Na última sexta-feira, 26 de novembro, o Ibovespa fechou o dia com um tombo de 3,39%, a 102.224,26 pontos, interrompendo uma sequência de três altas. A queda teve relação direta com a divulgação da nova variante.

“Enquanto essa insegurança acontecer, vamos continuar com volatilidade no mercado, incerteza em relação aos preços de alguns ativos, moedas emergentes sofrendo mais, busca por ativos protetivos como metais preciosos e criptoativos, e, claro, a busca pelos ativos de renda fixa”, explicou Franchini.

Como encontrar boas oportunidades de investimentos?

José Luciano da Costa compartilha da opinião de Franchini. Para ele, commodities também estão entre os investimentos de risco que podem sofrer mais impactos neste primeiro momento. Por isso, orienta a diversificação de portfólio como proteção.

“Um portfólio diversificado que tenha posições ativas em renda variável, em renda fixa, em ativos estruturados e em investimentos no exterior, juntamente com posições de hedge para essa carteira, é o indicado nesse cenário”, explicou.

Ainda de acordo com Costa, no caso do Brasil, um possível impacto menor da nova variante não deve mudar o cenário base, no qual o Banco Central deverá seguir elevando a taxa Selic para 11,75% a.a. até o final do ciclo de aperto da política monetária, como resposta ao cenário de inflação elevada e persistente.

“Nesse cenário, as NTN-Bs de vencimento mais curto (IMA-B 5) possuem retornos atrativos, pois permitem a exposição ao prêmio da curva de juros com a proteção do carregamento da inflação em desfechos de surpresas inflacionárias positivas. Na renda variável, uma carteira de ações bem escolhida tem a possibilidade de agregar valor nesse momento. Como opção de hedge dessa carteira, uma posição investida em produtos expostos às moedas fortes, que otimize o risco do portfólio é importante para uma melhor eficiência dessa carteira. Portanto, para os investidores que possuem horizonte de longo prazo, a realização dos preços de ativos dos últimos dias criou oportunidades para a montagem de posições em diversas classes. Essas oportunidades dependerão do perfil de risco dos investidores, do horizonte de investimento e da adequada expectativa de risco e retorno que estão dispostos a incorrer”, explicou.

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