Economia
11/05/2022 • 3 mins de leitura
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Resumo do artigo Este novo ambiente também permite um maior…
Resumo do artigo
Esperamos uma postura mais dura do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central em função da deterioração em três fatores condicionantes da inflação futura: câmbio, expectativas de inflação e o cenário fiscal.
A média móvel de 10 dias do dólar subiu de R$ 5,30 para R$ 5,57, atingindo o nível mais alto do ano e acrescentando quase 0,50 ponto percentual à inflação dos próximos 12 meses. A expectativas de inflação seguiram em alta com o IPCA de 2024 passando de 4,0% para 4,10% e o de 2025 de 3,80% para 3,96% em um ambiente de economia ainda bastante dinâmica.
Além disso, o cumprimento das metas fiscais tornou-se ainda mais incerto, a despeito do contingenciamento e do bloqueio — pois prevalece a percepção de que as metas são mutáveis ao sabor da temperatura política.
Por outro lado, o ambiente externo que o Copom vinha caracterizando como adverso está se tornando construtivo, com consenso em torno da perspectiva de cortes dos juros nos EUA a partir de setembro. Contudo, o efeito benigno sobre a inflação doméstica passa pela taxa de câmbio, que segue pressionada em função do ruído fiscal.
Por fim, mesmo com a deterioração nas três frentes, as projeções de inflação ainda não deterioram a ponto de sugerir uma alta de juros, ainda que este risco tenha aumentado.
No cenário de referência, que usa as expectativas do mercado coletadas pela pesquisa FOCUS no qual a taxa Selic recua para 9,50% em 2025, as projeções devem subir de 4,0% para 4,3% em 2024 e de 3,4% para 3,6% em 2025. Para 2026 que vai aparecer pela primeira vez e tende a ser um parâmetro cada vez mais importante para a condução da política monetária, em especial, no regime de meta contínua, esperamos que o Banco Central projete um número compatível com IPCA de 3,3%.
No cenário alternativo, que mantém os juros constantes, as projeções de inflação para 2025 e 2026 são de 3,5% e 3,2%, respectivamente. Trata-se de um desvio que ainda pode ser administrado com a manutenção da taxa de juros, mas que exige uma postura cuidadosa de quem tem uma meta de 3%.
Esperamos que estes riscos estejam explicitados no comunicado e na ata da reunião, validando uma parte do prêmio de risco que o mercado embutiu na curva de juros. Nossa avaliação é de que o balanço de risco deixou de ser equilibrado e tende para o risco de uma inflação maior no futuro.
Por fim, pensando na evolução do cenário nos próximos meses, acreditamos que uma postura fiscal mais crível — na qual o compromisso com a responsabilidade fiscal vá além do discurso e se materialize em decisões de cortes de gastos —, juntamente com a confirmação dos cortes pelo Fed, possa trazer o dólar para baixo e reabrir o espaço para alguma redução da taxa Selic em meados de 2025.