Análise
14/09/2022 • 3 mins de leitura
Volatilidade: você sabe o que é e como ela afeta seus investimentos?
A volatilidade é um conceito da economia que explica a…
Depois de toda a tensão desencadeada nos mercados globais pela guerra tarifária de Donald Trump, o pior momento da turbulência parece ter ficado para trás.
No entanto, entram em cena as preocupações com a situação fiscal dos Estados Unidos. O país teve um corte recente em sua nota de crédito (rating) pela Moody’s em meio a discussões no congresso americano sobre aumento de gastos e corte de impostos.
No Brasil, a novela fiscal continua, com o governo em busca de aumentar a arrecadação enquanto a dívida pública segue em trajetória de alta.
É nesse cenário que os bancos centrais no Brasil e nos EUA tomam suas decisões sobre juros. A superquarta, no dia 18 de junho, terá anúncios do Fed sobre a taxa americana e do Copom sobre a Selic.
Na nossa live mensal de junho, nossos analistas explicam para você:
Veja a gravação na íntegra, conheça a nossa expectativa para vários tipos de investimento — como ações no Ibovespa, renda fixa e fundos imobiliários — e descubra onde investir em junho de 2025.
A dinâmica da inflação global tem mostrado melhorias recentemente, com o CPI indicando pressões mais moderadas em serviços e bens, inclusive tarifas de importação.
O Federal Reserve (Fed) vai tomar sua decisão sobre os juros americanos em um momento em que o impacto de tarifas se revela menos severo que o esperado.
Para os EUA, traçam‐se dois cenários principais:
O mercado de trabalho dos EUA vem gerando cerca de 140 mil vagas mensais em maio, com média móvel entre 135 e 160 mil, e a normalização das importações deve contribuir para um impulso marginal de até +4% no crescimento econômico.
O Fed avalia que adiar o próximo aumento de juros apresenta baixo risco, dadas as bases sólidas, e mantém a possibilidade de cortes até o fim do ano, condicionados ao desfecho das negociações tarifárias.
O processo de recuperação segue adiante com o PMI industrial e um crescimento de cerca de 5,4% no primeiro semestre. O consumo interno surpreendeu positivamente com alta anual de 6%, apoiado por estímulos direcionados a crédito para eletrodomésticos e modernização de residências.
Enquanto no começo do ano se previa um crescimento de 4,0% para 2024, as estimativas atuais apontam cerca de 4,3% para o restante do ano, após um primeiro semestre que superou 5%.
Esse desempenho chinês faz com que a desaceleração global ocorra de forma menos intensa—de 3,2% para 2,6%—e favorece economias emergentes, cuja expansão prevista fica entre 2,7% e 3%.
No cenário mundial consolidado, as contribuições principais são: EUA com +1,3%, China com +4,3% e emergentes com +2,7%, resultando em uma desaceleração organizada, redução da inflação sem descontrole e perspectivas de cortes de juros nos EUA a partir do terceiro trimestre de 2024. Ainda que incertezas geopolíticas persistam, os fundamentos globais estão melhor alinhados.
O déficit primário projetado pelo governo é de 0,9% do PIB, acima dos 0,6% estimados pelo mercado, enquanto a meta de 0,2% depende de receitas adicionais, como um possível aumento do IOF.
A dívida pública cresce em ritmo acelerado, saindo de 15% do PIB para níveis preocupantes e elevando riscos estruturais.
A balança comercial registra déficit de 3,2% do PIB, com perda de superávit de cerca de US$ 40 bi por menor exportação e maior importação, mas o fluxo de capitais tem sido favorável: +US$ 11 bi em renda fixa e +US$ 7 bi em ações desde janeiro. Essa entrada apoia a apreciação do real, que ronda R$ 5,62.
A atividade econômica doméstica, medida pela produção industrial e varejo, está praticamente estável, com leve melhora no varejo e estabilização na indústria.
A transmissão da política monetária ao crédito ocorre de forma lenta, mantendo o crescimento contido. As projeções de PIB para 2024 giram em torno de +1,9%, abaixo das expectativas iniciais de 3%.
A inflação deverá ficar entre 5% e 7% no ano, caindo para cerca de 4,5% ao fim de 2024, enquanto a Selic permanece em 14,75% até eventuais cortes a partir de 2025. Os juros reais altos, próximos de 10%, dificultam estímulos adicionais à economia.
Em síntese, o cenário central brasileiro combina inflação de 5–7%, crescimento de 1,9%, Selic em 14,75% e dívida/PIB em alta, com riscos fiscais elevados. No cenário de piora, a inflação superaria 7%, o PIB ficaria abaixo de 1%, a Selic subiria ainda mais e o endividamento continuaria crescendo de forma estrutural.
Os principais riscos envolvem a guerra comercial entre EUA e China, conflitos geopolíticos no Oriente Médio (Israel, Irã) e a política fiscal brasileira, que exige ajustes para conter a expansão de despesas e evitar uma crise à la 2015-2016.
No front tático de investimentos, recomenda‐se aporte em renda fixa e variável no Brasil, aproveitando o fluxo de capitais, mas sem ignorar o risco fiscal; nos EUA, atenção aos cortes de juros previstos a partir do terceiro trimestre e ao desfecho das tarifas; na China, a continuidade de estímulos e a possibilidade de surpresas positivas de curto prazo; e em mercados emergentes, a busca por retornos mais atrativos frente à desaceleração nos EUA.
Internamente, o governo tem enfrentado “confusão” na medida do IOF, com correções diárias necessárias para evitar métricas erradas, impactando instrumentos como o disco de risco sacado. A cobrança definitiva do IOF ainda é incerta.
No Oriente Médio, ataques de Israel ao Irã agravam tensões, pressionando os preços do petróleo, que registram leve alta, enquanto o DXY se mantém estável entre 97-99.
Geopoliticamente, o Estreito de Ormuz, responsável por 20% do petróleo mundial, é ponto sensível: perturbações podem elevar preços em 30-50%, desorganizando mercados globais. O conflito entre Israel e Irã segue imprevisível, com pressão para controle de urânio enriquecido e risco de escalada violenta.
No âmbito político, as eleições de 2024 serão determinantes para a política fiscal e a estabilidade dos ativos. Lula aparece com favoritismo, mas a disputa pode ficar em 2-3 pontos no segundo turno.
O próximo presidente precisará implementar ajuste fiscal de cerca de 3% do PIB, quer seja por corte de despesas ou aumento de receitas, sob pena de uma nova crise fiscal. Se o ajuste ocorrer, projeções apontam que o Ibovespa pode subir mais de 60% até 2025 e a NTN-B 2045 quase 50%.
No mercado de ativos, ativos de renda fixa brasileira têm superado o CDI diante da manutenção de juros, e o Copom discute uma pausa no ciclo de alta, com eventual alta limitada a 0,25%.
Nos EUA, a curva de juros de 10 anos estagna entre 4,25% e 4,50%, com perspectivas de cortes futuros, e o dólar caiu de níveis acima de 112 para cerca de 98, beneficiando o real e reduzindo juros domésticos.
O Ibovespa flerta com recordes nominais de 140 mil pontos, podendo alcançar 150 mil até o fim de 2024, com liderança de setores de energia, imóveis, financeiro e utilities (empresas de saneamento e energia, por exemplo).
A estratégia de ações combina abordagens estruturais, de momento e oportunísticas, visando proteção contra quedas de até 30% e geração de alfa, já em torno de 3% em 10 meses, com expectativa de 4–6 p.p. por ano.
O investimento internacional atua como proteção contra crises internas e exposição ao dólar, com carteiras típicas de 60% em ações brasileiras e 40% em bônus nos EUA, buscando IPCA +6-8% de retorno e custo de seguro relativamente baixo.
Em cenário de crise, o dólar tende a subir, reforçando o dollar‐hedge como ativo de proteção e potencial gerador de ganhos de capital.
Nos EUA, a taxa de 10 anos oscila entre 4,25% e 4,50%, com cenário de cortes na política monetária. Uma ponta longa acima de 5% acionaria riscos maiores para a economia americana e impactos no Brasil.
Indicadores do mercado refletem riscos fiscais elevados, enquanto o dólar permanece fraco, favorecendo ativos brasileiros.
A carteira recomendada Monte Bravo contempla 10% em títulos pré-fixados, 12% em títulos indexados à inflação, 5% em fundos multimercado ou imobiliários, 20% em investimentos internacionais com hedge cambial, e o restante em ações focadas em valorização e proteção.
A estrutura internacional sugerida de 60% ações e 40% de bonds (renda fixa) nos EUA. Essa estrutura busca um retorno de IPCA +6-8%, oferecendo alta proteção contra volatilidades domésticas.
O balanço de risco‐benefício indica expectativa de queda nas taxas de juros e valorização de ativos domésticos a partir do segundo semestre de 2024, com ações podendo superar 150 mil pontos e o dólar rondando R$ 4,00, desde que se mantenham políticas fiscais responsáveis e estabilidade política.
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