Informe Diário
16/09/2024 • 4 mins de leitura
Antes da superquarta, ativos de risco seguem em compasso de espera
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Os contratos futuros de ações americanas recuam nesta sexta-feira (17), à medida que as preocupações com as práticas de crédito dos bancos regionais crescem. Esse movimento afasta investidores de ativos de risco e aumenta a busca por segurança.
Os futuros do Dow Jones caem 360 pontos, ou 0,80%, enquanto os do S&P 500 e do Nasdaq 100 recuam 1,10% e 1,30%, respectivamente.
Na quinta-feira (16), os principais índices de ações dos Estados Unidos encerraram em queda. As bolsas foram pressionadas pela forte desvalorização dos papéis do setor bancário no fim da sessão.
As ações de grandes instituições financeiras e bancos regionais recuaram após Zions e Western Alliance divulgarem perdas em carteiras de crédito. Os resultados das companhias reacendeu o temor de concessões mais frouxas e de que problemas semelhantes possam se espalhar pelo sistema.
O ETF SPDR S&P Regional Banking (KRE) — que acumula quatro semanas consecutivas de queda — despencou mais de 6,00% na sessão. As preocupações com o setor se intensificaram após as recentes falências de duas empresas ligadas à indústria automotiva.
Os bancos regionais ampliam as perdas nesta sexta-feira: Zions e Western Alliance caem cerca de 1,00%, enquanto o Banc of California recua 3,60%. O ETF KRE também cede 1,00%. Na véspera, o índice de volatilidade Cboe (VIX), conhecido como o “termômetro do medo” de Wall Street, avançou em meio à queda das taxas dos Treasuries e do dólar. Hoje pela manhã, o VIX mantém a trajetória de alta, superando o nível de 27 pontos e atingindo o maior patamar desde abril.
O ouro, por sua vez, atingiu novas máximas históricas, o que reflete o aumento da demanda por proteção diante da incerteza. O metal sobe 1,10% nas negociações iniciais em Nova York, atingindo novo recorde em US$ 4.354,00 por onça-troy.
A taxa do Treasury de 10 anos opera a 3,95% — ligeiramente abaixo do patamar do dia anterior, quando caiu para menos de 4,00% pela primeira vez desde abril.
Os contratos futuros do Brent recuam 0,30%, cotados a US$ 60,89 por barril, o menor nível desde maio.
O Ibovespa fechou em queda de 0,28% na quinta, aos 142.200 pontos. O dólar encerrou em leve baixa de 0,36%, a R$ 5,44, enquanto as taxas de juros subiram em toda a curva.
EUA: Em discurso ontem, o diretor do Federal Reserve Christopher Waller destacou a divergência entre o forte crescimento econômico e os sinais de enfraquecimento do mercado de trabalho. O modelo GDPNow do Fed de Atlanta projeta uma expansão do PIB próxima a 4,0% no 3° trimestre, enquanto o consenso privado aponta para 2,5%. Mesmo esse número mais modesto contrasta com a criação limitada de empregos desde maio, conforme indicado pela pesquisa da ADP.
Waller observou que a inflação medida pelo índice de despesas de consumo pessoal (PCE) segue acima da meta de 2%, com o núcleo em 2,9%. Ele, no entanto, atribuiu parte dessa pressão a efeitos temporários das tarifas — que elevam preços pontualmente sem alterar a tendência de longo prazo.
Com as expectativas de inflação bem ancoradas e um mercado de trabalho em perda de dinamismo, Waller acredita que a inflação tende a convergir para níveis sustentáveis próximos à meta. Nesse contexto, ele propôs um corte de 25 pontos base na taxa de juros na reunião de 29 de outubro, avaliando que a continuidade desse movimento dependerá da evolução do mercado de trabalho e da inflação.
Caso o desemprego avance e os preços permaneçam sob controle, Waller defende novos cortes para aproximar a política monetária da taxa neutra — que ele estima entre 100 e 125 p.b. abaixo do nível atual da taxa de juros básica, que está em 4,25% ao ano.
Brasil: O IBC-Br, considerado uma prévia do PIB, avançou 0,4% em agosto na série com ajuste sazonal após três meses consecutivos de queda, que haviam acumulado retração de 1,8%. O resultado interrompeu a tendência de enfraquecimento recente da economia.
Em comparação com o mesmo mês de 2024, o indicador praticamente ficou estável, com alta de apenas 0,1% — o menor crescimento nessa métrica desde março. No acumulado em 12 meses, o avanço desacelerou para 3,2%, o ritmo mais fraco desde setembro do ano passado.
Na comparação mensal, o avanço foi sustentado justamente pelos setores mais sensíveis ao ciclo econômico. A atividade excluindo a agropecuária subiu 0,4% em agosto, com destaque para a indústria, serviços e impostos. Medidas pontuais, como o pagamento de precatórios, restituições do INSS e a expansão do crédito consignado privado, além da queda nos preços de alimentos, ajudaram a impulsionar a atividade. Mantemos a expectativa de crescimento de 0,1% do PIB no 3° trimestre, com a economia crescendo 1,9% em 2025.


(1) Cotações tomadas às 8h BRT trazem o fechamento do dia dos ativos asiáticos, o mercado ainda aberto para ativos europeus e futuros e o fechamento do dia anterior para os ativos das Américas.
(2) Ativos de renda fixa apresentam a variação em pontos-base (p.b.), esta é a forma como o mercado expressa variações percentuais em taxas de juros e spreads. O ponto-base é igual a 0,01% ou 0,0001 em termos decimais. Os demais ativos mostram a variação em percentual.
Fonte: Bloomberg.


Por:
| Alexandre Mathias | Luciano Costa | Bruno Benassi |
| Estrategista-chefe da Monte Bravo Corretora | Economista-chefe da Monte Bravo Corretora | Analista de Ativos CNPI: 9236 |