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21/02/2024 • 4 mins de leitura
Cenário econômico e política fiscal no Suno Notícias
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Apesar do avanço, analistas apontam cautela sobre volume de petróleo a ser encontrado e a viabilidade comercial ainda a ser provada

A Petrobras anunciou nesta segunda-feira (20) que recebeu a autorização do Ibama para perfurações na Margem Equatorial, destravando um impasse ambiental que durava anos.
Apesar de o aval marcar um avanço estratégico, analistas ouvidos pelo CNN Money destacam que a etapa é de caráter exploratório — voltada à coleta de dados geológicos — e ainda não envolve a extração efetiva de petróleo.
“Ainda não há certezas se haverá reservas comercialmente viáveis, portanto, o impacto imediato no resultado da Petrobras ou no fluxo de caixa é bem limitado”, resume Gustavo Trotta especialista e sócio da Valor Investimentos.
A estatal explicou que o processo autorizado permitirá mapear informações sobre petróleo e gás e avaliar a viabilidade econômica da bacia. “Não há produção de petróleo nessa fase”, reforçou a empresa em comunicado.
Para Rodrigo Marcatti, economista e CEO da Veedha Investimentos, a licença é um passo inicial, mas relevante. “É uma licença de perfuração para análise, e não exploração. Vai depender ainda do sucesso dessa análise”, afirma.
Pedro Rodrigues, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura, acrescenta que o desafio agora é comprovar a viabilidade econômica do investimento. Ainda assim, as projeções indicam forte potencial.
Relatório do Itaú estima que a Bacia da Foz do Amazonas possa conter até 5,7 bilhões de barris de petróleo, o que elevaria em 34% as reservas do Brasil e em 58% as da Petrobras.
A CNI (Confederação Nacional da Indústria) calcula que a exploração na Margem Equatorial brasileira possa gerar 495 mil empregos e injetar R$ 175 bilhões no PIB nos próximos anos.
Mesmo com otimismo em torno das perspectivas, o mercado atua com cautela. “O fato é que muito dinheiro precisa ser gasto, porém, a viabilidade comercial precisa ser provada. E na indústria do petróleo isso não é trivial, quer dizer, todo esse investimento não necessariamente vai gerar um retorno no futuro para a companhia”, acrescentou Pedro Rodrigues ao CNN Money.
“É preciso esperar quatro, cinco meses para essas reservas possíveis se tornarem provadas”, conclui.
Outros analistas enxergam a cautela em um efeito colateral de um cenário mais amplo, como o resfriamento das economias americana e chinesa.
“Todas as projeções indicam que tem sobre oferta de petróleo. Com uma demanda que está desacelerando e pode desacelerar ainda mais nos próximos meses. Dependendo de qual vai ser a intensidade da desaceleração da economia dos EUA e da China”, adiciona Bruno Benassi, analista de Ativos da Monte Bravo.
Ele lembra que o plano de investimentos da Petrobras foi traçado quando o barril estava em torno de US$ 80. “Com o Brent hoje a cerca de US$ 61, há dúvidas sobre a capacidade da companhia de equilibrar capex, eventuais aquisições e pagamento de dividendos”, diz.
Hoje, o petróleo WTI para dezembro, negociado na Nymex (New York Mercantile Exchange), fechou em queda de 0,23% (US$ 0,13), a US$ 57,02 o barril. Já o Brent para dezembro, negociado na ICE (Intercontinental Exchange de Londres), recuou 0,46% (US$ 0,28), a US$ 61,01 o barril.
Reportagem produzida por Gabriel Bosa e Maria Clara Matos, da CNN Brasil.