Como tarifa dos EUA pode impactar o dólar e a economia brasileira? Especialista explica

14/07/2025 • 2 mins de leitura

Em entrevista ao Jornal da CBN, Alexandre Mathias, estrategista-chefe da Monte Bravo, analisou os efeitos da medida e os possíveis desdobramentos nos próximos meses

O impacto da tarifa imposta pelos Estados Unidos ao Brasil segue repercutindo nos mercados financeiros, com reflexos no câmbio, nas taxas de juros e nas expectativas dos investidores. Na quinta-feira (10), dólar subiu 0,72% e fechou a R$ 5,54. O Ibovespa caiu 0,54%, encerrando em 136.743 pontos, com destaque negativo para as ações da Embraer, que recuaram 3,70%.

Em entrevista ao Jornal da CBN, Alexandre Mathias, estrategista-chefe da Monte Bravo, analisou os efeitos da medida e os possíveis desdobramentos nos próximos meses.

Mathias destacou que a notícia provocou inicialmente uma alta no dólar, mas o mercado buscou um novo ponto de equilíbrio. De acordo com o especialista, a moeda é resultado de uma série de forças que atuam constantemente sobre ela.

“A gente está em um movimento de queda global do dólar. O presidente Trump chegou gerando muita incerteza, essa política tarifária, o dólar perdeu 10 ou 11% do seu valor globalmente. Foi isso que ajudou o real a cair de R$ 6,25 R$ 6,30 na virada do ano para a faixa de 5,50 que está agora. Essas coisas estão continuando a acontecer, nenhuma delas cessou. A gente tem uma política fiscal ruim e o dólar está enfraquecendo globalmente. As tarifas que atingiram o Brasil são tarifas pesadas. Em um certo sentido, inviabilizam grande parte das transações com os Estados Unidos se forem mantidas.”

Sobre os efeitos diretos da medida, o estrategista ressaltou que, caso as tarifas se mantenham, parte das transações com os Estados Unidos pode se tornar inviável. No entanto, ele vê espaço para o Brasil redirecionar suas exportações.

“Tenho a impressão que você vai encontrar um ponto de equilíbrio, tanto na expectativa de que a tarifa seja, se não for revertida, pelo menos diminuída, quanto pelo fato de como a pauta de exportação do Brasil é de commodities. De uma certa forma, dado um certo tempo, um choque inicial, a tendência é que a gente encontre outros mercados para os nossos produtos.”

No mercado de ações, o impacto da medida foi considerado limitado. Contudo, Mathias pontuou que o mercado de juros foi um dos mais afetados pela notícia.

“Os juros talvez foram o mercado mais impactado com essa notícia, porque a gente estava no movimento de queda da taxa de juros, com o fim do ciclo de alta da Selic. E anteontem e ontem até voltou um pouquinho, mas anteontem o mercado subiu 40, 50 pontos nas taxas futuras. Eu acho que é um movimento episódico também, acho que a tendência de juros é de estabilidade e queda, mas é uma coisa para ficar atento.”

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