Fed deve adiar corte de juros para setembro

No mesmo dia em que o Copom divulgou sua ata sobre a elevação dos juros na última reunião, o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, indicou ao Congresso dos Estados Unidos que o ciclo de cortes de juros ainda pode ser retomado neste ano, mas que as tarifas recentemente anunciadas pelo governo Trump trouxeram incertezas relevantes ao cenário inflacionário, o que deve adiar a decisão para setembro. A avaliação é da Monte Bravo Investimentos, em relatório assinado pelos Alexandre Mathias, Luciano Costa e Bruno Benassi.

De acordo com o texto, Powell afirmou que, se não fossem pelas preocupações com os efeitos das tarifas sobre os preços, os dados econômicos mais recentes já justificariam a continuidade da flexibilização monetária. No entanto, o risco de elevação da inflação nos próximos meses levou o Fed a adotar uma postura mais cautelosa.

Embora o presidente do BC americano não tenha descartado um corte de juros já na próxima reunião, o relatório da Monte Bravo interpreta que Powell indicou uma tendência de espera até setembro, prazo em que o Comitê de Política Monetária dos EUA terá melhores condições de avaliar o real impacto das tarifas sobre os preços.

No Congresso, Powell afirmou que as tarifas devem começar a pressionar a inflação a partir de junho e manter esse efeito até setembro, interrompendo a desaceleração registrada nos últimos dois anos. Ele ponderou, no entanto, que a intensidade e a velocidade do repasse aos consumidores ainda são incertas.

A Monte Bravo também destaca que o Fed está atento à evolução do mercado de trabalho. Segundo Powell, uma deterioração significativa no emprego poderia antecipar os cortes de juros. “Ele reiterou que a economia segue forte e que não há pressa para agir”, escrevem Mathias e Costa.

Questionado sobre declarações de outros dirigentes do Fed, como Christopher Waller e Michelle Bowman, que defenderam publicamente cortes já em julho, Powell preferiu não se posicionar diretamente. Disse apenas que o Fed permanece aberto a diferentes cenários e que a reação da inflação às tarifas será decisiva para a política monetária.

“Se o repasse das tarifas aos preços for mais fraco do que o esperado, isso influenciará as decisões futuras”, disse Powell.

Para a Monte Bravo, a comunicação do Fed confirma o cenário de cautela. A corretora mantém a projeção de que o ciclo de cortes será retomado em setembro, com três reduções de 0,25 ponto percentual até o fim do ano, o que levaria a taxa básica dos Estados Unidos para 3,75% ao ano em dezembro.

Notícia publicada pela O Globo.