Por que o dólar voltou a subir? - Monte Bravo

Por que o dólar voltou a subir?

13/12/2024 às 15:39

13

Sexta

Dez

3 minutos de leitura
Compartilhar
Por que o dólar voltou a subir?

Nem o choque de juros anunciado na véspera pelo Comitê de Política Monetária (Copom) nem a intervenção do Banco Central no mercado de câmbio foram capazes de conter nesta quinta-feira, 12, a valorização do dólar ante o real, com a moeda americana fechando em R$ 6, uma alta de 0,86%. Segundo analistas, pesaram mais sobre as cotações as incertezas fiscais e as dificuldades do governo em fazer avançar seu pacote de corte de gastos no Congresso.

Além da decisão de subir a Selic, na quarta-feira, 11, o Banco Central anunciou a realização de dois leilões de linha de até US$ 4 bilhões na manhã de ontem. Leilão de linha é o nome dado a uma operação conjugada de venda com compromisso de recompra de moeda estrangeira no mercado interbancário de câmbio. Na prática, o BC injeta dólares no mercado para tentar estabilizar a cotação.

Selic: aumento de risco fiscal justifica elevação

Vento mudou

O anúncio do leilão fez o dólar abrir o dia a R$ 5,89, o menor patamar deste mês. Nos primeiros minutos dos negócios, às 9h07, o dólar à vista chegou a cair 1,45% frente ao real, cotado a R$ 5,86. Mas no início da tarde, à medida que as notícias sobre as dificuldades do governo nas negociações com o Congresso em torno do pacote de gastos ganharam força, o vento mudou de direção.

A moeda americana começou a subir e chegou a ser cotada na máxima a R$ 6,048, mas acabou recuando um pouco para fechar o dia cotada a R$ 6.

“As notícias de tramitação das medidas (do pacote de corte de gastos) não foram boas, com mudanças em projetos de lei que tiram potência e efetividade do pacote. E o prazo para a votação neste ano é muito apertado”, comentou Luciano Costa, economista-chefe da Corretora Monte Bravo. “E mesmo que o governo consiga a aprovação, vai ter de adotar novas medidas mais à frente para cumprir as metas (previstas no arcabouço).”

Em tese, os juros mais altos tendem a favorecer o real em relação ao dólar, atraindo investidores a aplicar seus recursos em ativos em reais para ganhar com a diferença dos juros no seu país – operação conhecida como “carry trade”. Mas isso não aconteceu.

“Deveríamos ter visto um movimento de apreciação do câmbio (valorização do real) com o BC reforçando a âncora monetária. Mas o quadro fiscal está tão fragilizado que não há espaço para os prêmios de risco cederem”, acrescentou Costa, da Monte Bravo.

Leilão de linha

Pela manhã, o Banco Central vendeu oferta integral de US$ 4 bilhões divididos em dois leilões de linha com compromisso de recompra. Segundo operadores, a operação buscou suprir demanda de moeda à vista típica desta época do ano, quando as linhas para financiamento de comércio escasseiam e há remessas de lucros e dividendos ao exterior.

Fatores técnicos ajudaram a pressionar a moeda

A alta do dólar ontem foi motivada também por fatores técnicos, de acordo com operadores do mercado de câmbio. Além de ajustes e da realização de lucro, já que a moeda tinha caído 1,53% na véspera, houve também uma demanda mais forte por dólares por empresas importadoras. A sazonalidade de fluxo desfavorável de dólares nesta época do ano também contribuiu para pressionar as cotações para cima.

Para o gerente de câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo, no entanto, o real pode voltar a se recuperar ante o dólar apesar dos problemas fiscais, embora fatores como os mencionados anteriormente possam manter a moeda americana pressionada no curto prazo. Por isso, pode levar algum tempo para as cotações do dólar ante o real se acomodarem.

“Devemos ver um alívio na taxa de câmbio com desmonte de posições compradas em dólar e fluxo de estrangeiro para aproveitar os juros mais altos nos próximos meses. O BC já sinalizou que a Selic vai pelo menos até 14,25%”, diz Galhardo.

Confira a matéria publicado no portal de notícias Isto É Dinheiro

Artigos Relacionados

  • 20

    Segunda

    Jan

    20/01/2025 às 13:06

    Sala de Imprensa

    Petróleo e NY indefinida jogam Ibovespa para baixo, após três altas seguidas

    O Ibovespa cai perto do fim da manhã da quinta-feira, 16, devolvendo uma parcela da valorização de 2,81%, aos 122.650,20 pontos, da quarta-feira. ‘Pode ser um movimento de correção, após três dias de ganhos. A alta de ontem foi bastante’, pontua Kevin Oliveira, sócio e advisor da Blue3. Apesar da alta de 1,92% do minério …

    Continue lendo
  • 20

    Segunda

    Jan

    20/01/2025 às 12:57

    Sala de Imprensa

    Alta do IBC-BR em novembro não muda arrefecimento da atividade

    Os sinais de moderação da atividade na margem permanecem, apesar da alta de 0,10% do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) em novembro, que superou a mediana negativa, de -0,10%, das projeções. A avaliação é do economista-chefe da Monte Bravo, Luciano Costa. “A atividade vem de um terceiro trimestre forte, há devolução em …

    Continue lendo
  • 20

    Segunda

    Jan

    20/01/2025 às 12:44

    Sala de Imprensa

    IPCA de dezembro chancela juros altos

    Os dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) divulgados nesta sexta-feira, 10, selam as expectativas dos investidores de uma trajetória de alta da Selic ao longo de 2025 – sem espaço para um Banco Central leniente. Com o estouro da meta de inflação de 3% em 2024, Gabriel Galípolo chega ao posto …

    Continue lendo

Fechar

Loading...