
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) apresentou alta de 0,11% em janeiro, com pressão do encarecimento de alimentos, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) publicados sexta-feira (24). Luciano Costa, economista-chefe da Monte Bravo, comenta o resultado.
Entrevista produzida pela CNN Money.
Confira a análise da Monte Bravo sobre o IPCA-15 de janeiro de 2024
O IPCA-15 de janeiro apresentou alta de 0,11%, superando tanto o consenso de mercado quanto nossa projeção. O desvio foi significativo e preocupante, pois resultou não apenas de itens voláteis, como passagens aéreas, mas também da disseminação de aumentos em serviços e bens. Nos serviços, destacou-se a forte elevação em categorias intensivas em mão de obra, enquanto, nos bens, a pressão foi impulsionada pelo repasse cambial.
Em relação à política monetária, o balanço de riscos assimétrico, somado à fragilização da âncora fiscal, continua exigindo uma postura firme do Banco Central. Isso reforça a sinalização de manutenção do ritmo de alta de 100 pontos-base nas reuniões de janeiro e março. Avaliamos que a deterioração do cenário inflacionário demandará a continuidade do ciclo de aperto monetário, e a expectativa de uma taxa Selic terminal em 15,25% a.a. poderá ser revisada para cima, caso o governo não anuncie novas medidas de contenção de gastos.
As principais pressões sobre o índice em janeiro vieram de passagens aéreas, alimentos e serviços. Além disso, o impacto do desconto do Bônus de Itaipu nas contas de energia foi menor que o estimado, o que também contribuiu para a surpresa da inflação.
Os núcleos ficaram acima do previsto, com a dinâmica do núcleo de serviços indicando uma trajetória bastante pressionada, atingindo 6,0% em 12 meses até janeiro.
Os núcleos surpreenderam com alta acima do esperado, registrando elevação de 0,66% em janeiro, com forte aceleração frente a dezembro (0,41%). No acumulado de 12 meses, a variação passou de 4,1% em dezembro para 4,4% em janeiro. Esse comportamento mantém os núcleos em um nível desconfortável, exigindo uma postura ainda mais vigilante do Banco Central.
O núcleo de bens mostrou forte aceleração, refletindo a reversão da deflação da Black Friday e o repasse da depreciação cambial. Em janeiro, o núcleo de bens registrou alta de 0,65%, após alta de 0,01% em dezembro. No acumulado de 12 meses, subiu de 2,1% em dezembro para 2,4% em janeiro.
Os serviços permaneceram muito pressionados, impulsionados pelo mercado de trabalho aquecido e a indexação de alguns itens. O núcleo de serviços, excluindo passagens aéreas, registrou alta de 0,96% em janeiro, com destaque para aluguel, condomínio, alimentação fora do domicílio e seguro de automóvel. Em termos anuais, o núcleo de serviços apresentou forte aceleração, atingindo 6,0% em janeiro, um patamar preocupante considerando a inércia da inflação desse grupo.
Para janeiro, projetamos uma alta de 0,15% no IPCA, após o resultado do IPCA-15. O IPCA deverá intensificar a alta em fevereiro devido ao fim do bônus de Itaipu e o reajuste anual de educação, com o índice subindo 1,56% em fevereiro.
A projeção para o IPCA em 2025 é de uma alta de 6,2%.