Muita gente pensa que para investir em papéis do exterior é necessário contratar uma corretora fora do país, fazer as negociações em dólar e depois repatriar o dinheiro. Mas não é bem assim.
Desde o segundo semestre de 2020, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) liberou os chamados BDRs – ou Brazilian Depositary Receipts – para pequenos investidores.
Na prática, qualquer pessoa pode comprar certificados que equivalem a ações da Amazon (AMZO34), da Apple (AAPL34) ou da Netflix (NFLX34), por exemplo.
Mas o que muda, de fato?
Antes da alteração, apenas investidores qualificados, ou seja, com muito capital, poderiam acessar esses papéis.
“A norma confere maior liberdade para investidores e emissores, na esteira de uma crescente demanda por diversificação de portfólios e de taxas de juros reduzidas”,
Comentou o presidente da CVM, Marcelo Barbosa, por ocasião das mudanças nas regras dos BDRs.
Antes de sair investindo em ações de lá fora, contudo, é preciso entender como este mercado funciona – suas especificidades, suas vantagens e seus riscos.
Como faço para investir em BDRs?
Na verdade, ao aderir a este tipo de investimento, o comprador não recebe uma ação da empresa estrangeira, e sim um certificado que representa esta ação.
Esses títulos ficam sob custódia de uma empresa autorizada a operar lá fora, e uma instituição financeira depositária autorizada faz a operacionalização do sistema aqui no Brasil. Em outras palavras, é preciso contratar uma corretora que tenha autorização e expertise para fazer esta “ponte”.
Essa escolha envolve muita prudência, porque é necessário garantir que as ações convertidas em papéis representativos correspondam ao que realmente está sendo negociado nas bolsas estrangeiras.
Outro ponto importante: nem toda ação pode ser convertida em BDR – a lista com quase 600 títulos disponíveis pode ser consultada no site do CVM, que é atualizado continuamente.
De alguma maneira, o pequeno investidor brasileiro que queira alçar voos maiores pode acompanhar IPOs aguardadas no mundo inteiro, embora não possam participar das primeiras ofertas de ações.
No dia a dia, é possível acompanhar o desempenho da ação com em papéis convencionais – incluindo a possibilidade de montar “positions” ou fazer operações de day trade.
Tipos
Existem dois tipos predominantes de BDRs: os patrocinados e os não-patrocinados. Os primeiros são aqueles títulos estimulados pelas próprias empresas estrangeiras, que contratam uma instituição depositante para representar os seus títulos.
Neste caso, é de interesse do próprio grupo lançar-se em bolsas fora do país de origem. São subdivididos em três níveis (I, II e III), dependendo do registro da companhia na CVM.
Já os BDRs não-patrocinados são lançados por instituições depositárias que planejam oferecer mais diversidade ao portfólio de seus clientes, sem a intermediação da empresa que originou as ações.
Como saber qual é qual?
Pelo “DNA” da ação, ou seja, por seus códigos de negociação.
Os BDRs patrocinados de segundo nível terminam em 32, enquanto os de terceiro nível finalizam com 33. Os BDRs de nível 1 não possuem um número final específico no código de negociação. Os BDRs não-patrocinados terminam em 34 ou 35 (como os que exemplificamos no início deste post).
Vantagens e riscos
Como mencionamos, os BDRs abriram as portas para investidores com menos capital que antes não conseguiriam participar de pregões fora do Brasil sem um longo caminho burocrático.
Isso significa poder investir em grandes corporações que no fundo ditam os movimentos das bolsas mundo afora.
Mas há questões a serem apontadas, além de alguns riscos.
As instituições financeiras autorizadas a fazer esta mediação podem cobrar até 5% pela emissão dos títulos. Há portanto esta cobrança adicional que não existe nas ações convencionais da B3, por exemplo. Os DBRs também recebem a tributação de 15% sobre os ganhos.
Outra questão é que as empresas que se lançam fora de seus países, em geral, já são grandes grupos, cuja estabilidade está mais assegurada, mas ao mesmo tempo não possuem mais tanta possibilidade de crescimento.
Vale a pena?
Feitas estas considerações, o BDR é uma alternativa para o investidor não-qualificado que queira entender a dinâmica econômica de ações estrangeiras e eventualmente auferir melhores resultados do que encontraria por aqui.
A Monte Bravo Investimentos é a melhor equipe de assessoria financeira para orientá-lo nesta questão.
O grupo acompanha diariamente o desempenho dos papéis estrangeiros e sabe os cenários atuais de liquidez, rentabilidade e volatilidade dos principais títulos.
Além disso, orienta o investidor sobre os percentuais de recursos aplicados em cada frente do portfólio, evitando que o cliente drene toda sua energia apenas para um ou dois fundos.
Em um cenário com juros tão baixos, a renda variável – incluindo aquelas com algum nível de risco – se tornou mais atraente do que nunca. Mas, antes de se juntar a este novo patamar, a orientação deve ser sua maior aliada.
*Este artigo foi escrito por Marina Seixas, produtora de conteúdos da Monte Bravo.