Tensões entre Trump e Fed voltam às manchetes após acusações contra diretora

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Mercados

A pressão sobre o Fed, alimentada pela administração Trump, ganhou novo capítulo ontem (20), quando o presidente voltou a atacar a diretora Lisa Cook e pediu sua renúncia. Trump compartilhou uma reportagem em que Bill Pulte, chefe da Agência Federal de Financiamento da Habitação, teria solicitado à procuradora-geral Pam Bondi que investigasse Cook por suposta fraude hipotecária.

Não é a primeira vez que um nomeado por Trump à frente de uma agência federal adota postura agressiva contra adversários políticos. O episódio parece ser mais uma tentativa do Executivo de ampliar sua influência sobre o Fed.

Lisa Cook respondeu às acusações afirmando que “não pretende ser intimidada a deixar seu cargo por conta de questionamentos levantados em uma publicação nas redes sociais”.

 A ata da reunião de julho do Federal Reserve, divulgada nesta quarta-feira (veja abaixo) revelou preocupações entre as autoridades monetárias com o mercado de trabalho e a inflação. Ainda assim, a maioria considerou prematuro reduzir as taxas de juros.

Agora, os mercados voltam suas atenções para os discursos de dirigentes do Fed durante o simpósio econômico anual em Jackson Hole, Wyoming. O presidente do Fed, Jerome Powell, falará na sexta-feira (22) e investidores aguardam sinais sobre os próximos passos da política monetária.

Os contratos futuros de juros do Fed indicam cerca de 82% de probabilidade de corte na taxa básica na próxima reunião de setembro. O índice DXY, que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de moedas, permanece estável em 98,20 pontos. Os preços do petróleo avançam, sustentados por quedas maiores que o esperado nos estoques de petróleo bruto e combustíveis nos Estados Unidos. O Brent sobe US$ 0,13, ou 0,19%, a US$ 66,97 por barril.

Os mercados asiáticos fecharam majoritariamente em alta. O sentimento positivo na região contrastou com o desempenho de Wall Street na quarta-feira, onde ações de tecnologia pressionaram o mercado para baixo. Na Europa, as bolsas abriram em queda nesta quinta-feira (21), enquanto os futuros dos índices norte-americanos apresentam variações discretas no pregão eletrônico.

Ontem o Ibovespa devolveu uma parte das perdas da terça-feira, quando o aumento da apreensão com uma possível escalada nas tensões entre o governo dos EUA e os ministros do Supremo Tribunal Federal derrubou os ativos brasileiros. O IBOV encerrou em leve alta de 0,17%, a 134.666 pontos. O dólar comercial fechou em queda de 0,48%, a R$ 5,47, e os juros futuros fecharam em queda ao longo de toda a curva.

Economia

EUA: Na ata da reunião de julho, o Fed avaliou que o risco altista para a inflação seguia predominante em relação ao risco de enfraquecimento do mercado de trabalho, embora alguns membros considerassem os riscos equilibrados e poucos atribuíssem maior peso à atividade. O encontro ocorreu antes do relatório de emprego de julho, que mostrou criação de vagas abaixo do esperado e revisões negativas para meses anteriores, reduzindo a média trimestral de crescimento do emprego de 150 mil para 35 mil.

Os participantes discutiram os efeitos das tarifas sobre os preços, reconhecendo incertezas quanto ao timing e à intensidade do repasse. Embora exportadores estrangeiros absorvessem parcela limitada dos custos adicionais, prevaleceu a avaliação de que empresas tenderiam a repassá-los gradualmente aos consumidores. Parte dos membros ressaltou que não seria adequado aguardar clareza completa sobre tais impactos antes de ajustar a política monetária, observando ainda que a taxa básica já poderia estar próxima do nível neutro.

Em relação ao mercado de trabalho, destacou-se que a economia permanecia próxima do pleno emprego, com taxa de desemprego baixa. Alguns membros alertaram que a desaceleração do crescimento poderia afetar a dinâmica laboral, enquanto outros enfatizaram que a menor imigração reduz tanto a expansão da força de trabalho quanto a necessidade de novas contratações para estabilizar o desemprego. As projeções do comitê apontaram enfraquecimento gradual do mercado de trabalho, inflação levemente menor que no cenário de junho e balanço de riscos altista para preços e baixista para crescimento.

A última reunião do Fed ocorreu antes dos dados do mercado de trabalho mais fracos e da divulgação do CPI de julho indicando impacto moderado das tarifas — o que provavelmente influenciaria a visão do comitê a respeito do balanço de riscos, com o risco de desaceleração do mercado de trabalho se elevando. O discurso do presidente do Fed Jerome Powell na sexta-feira, durante o simpósio anual de Jackson Hole, será importante para atualizar a sua avaliação do cenário após os dados mais recentes. Mantemos a expectativa de três cortes de 25 pontos base da taxa de juros a partir da reunião de setembro.

Zona do euro: O PMI composto da zona do euro avançou de 50,9 em julho para 51,1 pontos em agosto, alcançando o maior nível em 15 meses. O resultado superou levemente as projeções, que estimavam alta para 51 pontos.

Na indústria, o PMI subiu de 49,8 para 50,5 pontos, maior patamar em 38 meses e acima da expectativa de estabilidade. O setor de serviços recuou de 51 para 50,7 pontos, ficando abaixo do consenso de 50,9 — o que mostra desempenho desigual entre os segmentos da economia do bloco.

Preços de ativos selecionados¹

(1) Cotações tomadas às 8h BRT trazem o fechamento do dia dos ativos asiáticos, o mercado ainda aberto para ativos europeus e futuros e o fechamento do dia anterior para os ativos das Américas.

(2) Ativos de renda fixa apresentam a variação em pontos-base (p.b.), esta é a forma como o mercado expressa variações percentuais em taxas de juros e spreads. O ponto-base é igual a 0,01% ou 0,0001 em termos decimais. Os demais ativos mostram a variação em percentual.                 

Fonte: Bloomberg.

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Por:

Alexandre Mathias	Luciano Costa	Bruno Benassi
Estrategista-chefe da Monte Bravo Corretora	Economista-chefe da Monte Bravo Corretora	Analista de Ativos CNPI: 9236