Embate entre Trump e Fed concentra atenções do mercado

18/07/2025 • 4 mins de leitura

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Mercados

Os mercados globais seguem atentos ao embate entre Donald Trump e Jerome Powell, presidente do Fed. Na quarta-feira (16), Trump negou que pretenda demiti-lo — apesar de ter dito o contrário horas antes. “Não estamos planejando fazer isso”, afirmou na Casa Branca. “Não descarto nada… mas acho altamente improvável, a menos que ele precise sair por fraude.”

A declaração veio depois de uma reunião no Salão Oval, na qual Trump perguntou a um grupo de deputados republicanos se deveria ou não demitir Powell. Ao receber apoio, afirmou que seguiria adiante com a ideia, segundo um alto funcionário da Casa Branca.

O mercado chegou a ensaiar uma reação mais contundente, houve forte aumento da inclinação refletindo o aumento na percepção de risco. No entanto, boa parte do movimento foi revertido após o recuo de Trump.

As taxas dos Treasuries estão estáveis, mas o trecho longo da curva ainda está pressionado. Os juros do Treasury de 10 anos estão em 4,44%, enquanto os papéis de 2 anos pagam 3,89%. A nota de 30 anos está em 5,00%.

O índice DXY recua 0,40%, para 98,10 pontos. O ouro, em busca de novos patamares celestiais, sobe 0,40%, para US$ 3.358,00 por onça-troy.

Os preços do petróleo seguem em alta, impulsionados por estoques baixos e pela volta dos riscos geopolíticos no Oriente Médio. O Brent para entrega futura sobe 0,80%, a US$ 70,10 o barril.

Na Ásia, as bolsas tiveram desempenho misto, mas o índice australiano cravou nova máxima histórica, embalado pelos ganhos de Wall Street — sustentados por dados econômicos sólidos e uma leva de resultados corporativos acima do esperado.

Na Europa, o dia começou em alta, com o índice pan-europeu STOXX 600 avançando 0,30%.

Os futuros das bolsas americanas operam em leve alta nesta manhã de sexta-feira (18). American Express e 3M divulgam seus balanços ainda hoje. Já a Netflix caiu mais de 1% no after-market, apesar de ter superado as projeções de receita e lucro no segundo trimestre e revisado para cima sua projeção de faturamento para o ano.

Ontem (17), por aqui o Ibovespa fechou em leve alta de 0,04%, a 135.565 pontos. O dólar comercial encerrou em queda de 0,26%, a R$ 5,546, e os juros futuros fecharam em baixa ao longo de toda a curva.

Economia

EUA: As vendas no varejo apresentaram desempenho acima do esperado em junho, com avanço de 0,6% no indicador geral e de 0,5% no núcleo — que exclui automóveis, combustíveis e materiais de construção. O resultado foi impulsionado por altas em lojas de vestuário (+0,9%), artigos diversos (+1,8%) e itens de saúde e cuidados pessoais (+0,5%). As vendas em lojas de departamentos, eletrônicos e móveis registraram queda. Apesar da surpresa positiva no mês, os dados revisados mostraram que o núcleo das vendas de maio foram 0,2% menores do que o reportado inicialmente. Ajustando os números pela inflação, estima-se que o núcleo das vendas subiu 0,2% em junho e termos reais, mas recuaram 0,9% na média anualizada de três meses.

EUA: Os preços de importação avançaram 0,1% em junho, ficando abaixo das expectativas, com estabilidade nos itens excluindo petróleo. Houve alta nos preços de bens de consumo (+0,4%) e suprimentos industriais (+0,2%), enquanto alimentos e bebidas (-0,8%) e automóveis (-0,1%) recuaram. As tarifas aéreas internacionais, que alimentam o componente de viagens internacionais do núcleo do PCE, caíram 2,2% no mês. Com base nos dados do CPI, PPI e dos preços de importação, o núcleo do índice de preços PCE deverá subir 0,27% em junho, acumulando alta de 2,7% em termos anuais.

EUA: O diretor do Federal Reserve, Christopher Waller, defendeu nesta quinta um corte de 25 pontos base na taxa de juros já na reunião de 30 de julho do FOMC. Segundo ele, os impactos inflacionários das tarifas devem ser pontuais, sem gerar pressões persistentes, especialmente em um cenário de desaceleração econômica e expectativas de inflação ancoradas. Waller também apontou que o crescimento do PIB no primeiro semestre de 2025 provavelmente ficou em torno de 1%, abaixo do potencial, com expectativa de fraqueza continuada ao longo do ano — o que justificaria uma política monetária mais neutra do que restritiva. Para ele, manter os juros entre 125 e 150 pontos base acima da taxa neutra não pode ser considerado “moderadamente restritivo”.

Além disso, Waller destacou sinais de enfraquecimento no mercado de trabalho, citando a desaceleração no crescimento do emprego privado, que estaria próximo da estagnação, e possíveis revisões negativas nos dados de folha de pagamento. Apesar da posição de Waller, outros dirigentes do Fed, como Lisa Cook, Mary Daly e Raphael Bostic, sinalizaram preferência por manter os juros inalterados no curto prazo, com o argumento de que o mandato de inflação ainda não foi cumprido. Mantemos nossa expectativa de três cortes consecutivos de 25 p.b. em setembro, outubro e dezembro, levando a taxa juros básica para 3,75% ao ano em dezembro desse ano.

Preços de ativos selecionados¹

(1) Cotações tomadas às 8h BRT trazem o fechamento do dia dos ativos asiáticos, o mercado ainda aberto para ativos europeus e futuros e o fechamento do dia anterior para os ativos das Américas.

(2) Ativos de renda fixa apresentam a variação em pontos-base (p.b.), esta é a forma como o mercado expressa variações percentuais em taxas de juros e spreads. O ponto-base é igual a 0,01% ou 0,0001 em termos decimais. Os demais ativos mostram a variação em percentual.                 

Fonte: Bloomberg.

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Por:

Alexandre MathiasLuciano CostaBruno Benassi
Estrategista-chefe
da Monte Bravo Corretora
Economista-chefe
da Monte Bravo Corretora
Analista de Ativos
CNPI: 9236

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