Tarifas dos EUA continuam no centro das atenções

16/07/2025 • 4 mins de leitura

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Mercados

Os mercados globais continuam focando nas tarifas de Trump e seus efeitos sobre a economia dos EUA. Ontem (15), o presidente revelou um acordo com a Indonésia, que inclui tarifa de 19% sobre suas exportações para os EUA.

Também na terça-feira, o CPI veio em linha com as expectativas. O núcleo do CPI — que exclui os preços de alimentos e energia — avançou 0,20% na base mensal e 2,90% na base anual (análise completa ao lado).

A inflação começou a subir lentamente, com sinais do impacto das tarifas sobre bens duráveis e não duráveis. A alta dos preços de bens relacionados às tarifas justifica uma postura mais cautelosa do Fed, enquanto a desinflação persistente nos serviços deve sustentar cortes de juros em setembro.

Outro fator de preocupação é a politização da presidência do Fed. Trump vem criticando Powell há meses por não afrouxar a política monetária e já pediu sua renúncia repetidamente. Na terça, o presidente afirmou que os custos excessivos na reforma de US$ 2,50 bilhões na sede do Fed em Washington poderiam justificar uma demissão.

Os futuros de juros do Fed agora embutem cerca de 44 pontos base de afrouxamento até dezembro, abaixo dos 50 p.b. previstos no início da semana. As taxas dos Treasuries norte-americanas caíram. A taxa dos títulos de 10 anos recuou para 4,44%, enquanto a taxa de 30 anos caiu para 5,00%. O Treasury de 2 anos está em 3,95%.

Frente a uma cesta de moedas, o dólar cai 0,16%, para 98,46 pontos. O ouro se valoriza nesta quarta-feira  (16) com o enfraquecimento do dólar: o ouro à vista subiu 0,60%, cotado a US$ 3.341,29 por onça. Os preços do petróleo se mantiveram estáveis hoje. A força da demanda chinesa por petróleo bruto foi contrabalançada pela cautela dos investidores diante dos efeitos das tarifas norte-americanas na economia global.

Os mercados asiáticos encerraram o dia majoritariamente em baixa. O Kospi da Coreia do Sul caiu 0,90%. O índice Nikkei 225 do Japão fechou estável. O CSI 300 da China continental recuou 0,30%. As bolsas europeias também recuam. O índice pan-europeu STOXX 600 registra queda de 0,20%.

Os futuros das ações norte-americanas apontam para uma abertura em baixa. Bank of America, Goldman Sachs e Morgan Stanley devem divulgar seus balanços antes da abertura. Esses resultados vêm na esteira das divulgações de JPMorgan Chase, Wells Fargo e Citigroup, que revelaram seus números trimestrais ontem. A Johnson & Johnson também está na fila.

Ontem, aqui no Brasil, o Ibovespa encerrou em leve queda de 0,04%, a 135.250 pontos. O dólar comercial encerrou em queda de 0,46%, cotado a R$ 5,558. Os juros futuros fecharam em alta nesta terça-feira, enquanto a ponta mais curta apresentou leve queda.

Economia

EUA: Núcleo de inflação surpreende favoravelmente em junho, mas há sinais de impacto moderado das tarifas na inflação. O núcleo do CPI subiu 0,23% em junho na comparação mensal, ligeiramente abaixo das expectativas do mercado. Na comparação anual, a alta foi de 2,9%.

Apesar da surpresa positiva, a composição do índice trouxe elementos contrastantes. Do lado negativo, os preços de hospedagem recuaram 2,9%, o que reduziu o núcleo em 5 pontos base. Os preços de carros usados caíram 0,7% e os de carros novos recuaram 0,3%, contribuindo com reduções adicionais de 2 p.b. cada.

Por outro lado, algumas categorias de bens mostraram avanços expressivos: artigos domésticos subiram 1,0%, eletrônicos de vídeo e áudio avançaram 1,1%, artigos esportivos subiram 1,4% e brinquedos 1,8%. Estes movimentos podem refletir o impacto das tarifas mais altas.

Os preços de veículos — que mostraram queda nesta leitura — têm peso menor no núcleo do PCE, o indicador de inflação preferido pelo Fed, em comparação com o CPI. As categorias de bens que registraram altas mais fortes têm maior participação no PCE. Considerando o resultado do CPI, a projeção para o núcleo do PCE indica alta de 0,35% na margem em junho, com alta de 2,8% em termos anuais.

Brasil: A Câmara dos Deputados aprovou em segundo turno a PEC 66/23, que altera regras sobre o pagamento de precatórios. A proposta, de autoria do Senado, retira os precatórios federais do limite de despesas primárias a partir de 2026 e permite que o limite de gastos daquele ano seja ajustado para excluir esse item. A medida também prevê que, a partir de 2027, 10% do estoque de precatórios sejam incorporados às metas fiscais definidas pela LDO, conforme previsto no novo arcabouço fiscal. A proposta agora retorna ao Senado, já que foi modificada pela Câmara.

A PEC também estabelece novas regras para o pagamento de precatórios por estados, municípios e o Distrito Federal, limitando os desembolsos com base no estoque em atraso e na receita corrente líquida (RCL). Os percentuais variam de 1% a 5% da RCL, de acordo com o volume de dívidas acumuladas, com reajustes a cada 10 anos se ainda houver precatórios pendentes. O objetivo é aliviar a pressão fiscal sobre os entes federativos, permitindo parcelamentos mais longos, com correção monetária e juros moratórios incluídos no cálculo do estoque de dívidas.

Preços de ativos selecionados¹

(1) Cotações tomadas às 8h BRT trazem o fechamento do dia dos ativos asiáticos, o mercado ainda aberto para ativos europeus e futuros e o fechamento do dia anterior para os ativos das Américas.

(2) Ativos de renda fixa apresentam a variação em pontos-base (p.b.), esta é a forma como o mercado expressa variações percentuais em taxas de juros e spreads. O ponto-base é igual a 0,01% ou 0,0001 em termos decimais. Os demais ativos mostram a variação em percentual.                 

Fonte: Bloomberg.

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Por:

Alexandre MathiasLuciano CostaBruno Benassi
Estrategista-chefe
da Monte Bravo Corretora
Economista-chefe
da Monte Bravo Corretora
Analista de Ativos
CNPI: 9236

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