Mercados digerem dados de inflação e avaliam chance de corte de juros nos EUA

15/08/2025 • 5 mins de leitura

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Mercados

Os mercados acompanham os impactos das tarifas sobre a inflação nos Estados Unidos e avaliam o espaço para um corte de juros na próxima reunião do Federal Reserve.

Apesar da surpresa com o índice de preços ao produtor (mais detalhes abaixo), prevalece a percepção de que — diante de um mercado de trabalho mais fraco e de um repasse limitado para a inflação ao consumidor — o Fed deve iniciar o ciclo de cortes em setembro.

No front geopolítico, apesar de alguns sinais que sugerem progresso, o mercado mantém o ceticismo sobre um desfecho significativo no conflito ucraniano após a reunião de sexta-feira (15) entre Donald Trump e Vladimir Putin.

Nos Estados Unidos, o presidente do Federal Reserve de St. Louis, Alberto Musalem, descartou a necessidade de um corte de juros de 50 pontos base em setembro. Musalem contrariou a declaração do secretário do Tesouro, Scott Bessent, que considerou a medida possível.

As taxas dos Treasuries subiram ontem (14), impulsionadas pelos dados de inflação no atacado. Na manhã desta sexta-feira (15), no entanto, os juros do Treasury de dois anos estão estáveis em 3,73%, enquanto a taxa da nota de dez anos, referência do mercado, segue em 4,29%.

O dólar recua hoje. O índice DXY, que mede o desempenho da moeda americana frente a uma cesta de divisas, cai 0,40%, para 97,90 pontos.

O ouro caminha para encerrar a semana em queda. O metal à vista sobe 0,10%, cotado a US$ 3.339 por onça. No acumulado da semana, a perda é de 1,80%.

O petróleo avança levemente, renovando máximas de uma semana. O Brent subiu US$ 0,16, ou 0,20%, para US$ 67,00 por barril.

Na Ásia, os mercados fecharam majoritariamente em alta, após o PIB japonês e uma enxurrada de dados econômicos vindos da China. O índice Nikkei 225 encerrou o dia em máxima histórica após o PIB do segundo trimestre do Japão superar as projeções — mesmo com os ventos contrários das tarifas.

Na Europa, as bolsas operam em alta generalizada. O índice pan-europeu STOXX 600 avança 0,30%, com todas as principais praças no azul.

Nos EUA, os futuros de ações abriram em leve alta nesta sexta após os principais índices registrarem o terceiro fechamento recorde consecutivo.

Ontem, por aqui o Ibovespa cedeu 0,24%, aos 136.356 pontos. O dólar comercial encerrou em alta de 0,32%, cotado a R$ 5,417, tendo acelerado a alta após o presidente dos EUA, Donald Trump, voltar a criticar o país, dizendo que o Brasil “tem sido um parceiro comercial horrível” ao cobrar dos EUA “tarifas enormes”.

Economia

China: A produção industrial perdeu força, subindo 5,7% em julho em relação ao ano anterior, após alta de 6,8% em junho, apesar das exportações mais fortes que o esperado. No ajuste sazonal, houve queda de 0,3% sobre o mês anterior, revertendo o avanço de 0,9% de junho. O recuo foi puxado pela desaceleração nas indústrias de automóveis, máquinas elétricas, computadores e metalurgia não ferrosa, enquanto setores como a siderurgia e a geração de energia mostraram recuperação.

Os investimentos em ativos fixos caíram 5,2% na comparação anual, o pior resultado desde março de 2020, com retração disseminada entre manufatura, infraestrutura e setor imobiliário. A fraqueza do mercado de imóveis se aprofundou, com quedas acentuadas em lançamentos, construções e vendas, enquanto indicadores de preços continuaram em baixa.

O consumo também mostrou perda de fôlego: as vendas no varejo subiram 3,7% em julho, abaixo dos 4,8% de junho, pressionadas por menor demanda por bens vendidos em lojas físicas e automóveis. Apesar de o crescimento mensal do PIB se manter em torno de 5% em termos anuais.

EUA: O índice de preços ao produtor (PPI) subiu 0,9% em julho, superando as expectativas, impulsionado por altas nos preços de energia e alimentos. Descontando alimentos, energia e serviços de comércio, o núcleo do PPI avançou 0,6% em julho. Margens de varejistas e atacadistas cresceram 2%, enquanto serviços excluindo margens subiram 0,7%, com destaque para alta de 6% em gestão de portfólios. No segmento de saúde, relevante para o cálculo do PCE, as variações foram mistas e estima-se alta mensal de 0,22% no PCE de serviços médicos.

Apesar do avanço mais forte nos preços de gestão de portfólios, já esperado após ganhos no mercado acionário, os preços de saúde — que têm maior peso no núcleo do PCE — subiram menos que o previsto. No saldo, o núcleo do índice de preços de gastos com consumo (PCE) deve ter avançado 0,26% em julho, levando a taxa anual a 2,90%.

Brasil: O setor de serviços brasileiro registrou alta de 0,3% em junho frente a maio, acumulando ganho de 2% desde janeiro na série com ajuste sazonal e renovando a máxima histórica pelo segundo mês consecutivo. Apesar do avanço na margem, apenas o grupo de Transportes cresceu em junho, beneficiado pela recuperação do transporte terrestre e pelo forte desempenho do aéreo, que atingiu a segunda maior receita real da série histórica.

Serviços técnico-profissionais avançaram, mas locação de veículos limitou o crescimento do segmento. Quedas ocorreram em alojamento e alimentação, TI, e meios de pagamento eletrônicos. A fraqueza nos serviços às famílias refletiu a renda comprometida com dívidas e inflação persistente em alimentação fora de casa. Com resultado do setor de serviços, o tracking do PIB registrou leve melhora, apontando alta de 0,2% na margem no 2° trimestre.

Preços de ativos selecionados¹

(1) Cotações tomadas às 8h BRT trazem o fechamento do dia dos ativos asiáticos, o mercado ainda aberto para ativos europeus e futuros e o fechamento do dia anterior para os ativos das Américas.

(2) Ativos de renda fixa apresentam a variação em pontos-base (p.b.), esta é a forma como o mercado expressa variações percentuais em taxas de juros e spreads. O ponto-base é igual a 0,01% ou 0,0001 em termos decimais. Os demais ativos mostram a variação em percentual.                 

Fonte: Bloomberg.

Indicadores de hoje

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Por:

Alexandre MathiasLuciano CostaBruno Benassi
Estrategista-chefe
da Monte Bravo Corretora
Economista-chefe
da Monte Bravo Corretora
Analista de Ativos
CNPI: 9236

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