PPI dos EUA registra deflação em agosto e surpreende o mercado

11/09/2025 • 4 mins de leitura

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Mercados

Os mercados globais devem voltar suas atenções para os dados de inflação dos Estados Unidos. Ontem (10), os preços ao produtor (PPI) recuaram, conforme análise detalhada a seguir. O índice de preços ao consumidor (CPI), cuja divulgação está prevista para as 9h30 de hoje (11), tem expectativa de alta mensal de 0,30% em agosto, após avanço de 0,20% em julho. Na comparação anual, o CPI deve ter subido 2,90%, frente aos 2,70% registrados no mês anterior.

O mercado precifica um corte de 25 pontos base na taxa de juros pelo Federal Reserve na reunião da próxima semana. Ainda assim, permanece uma probabilidade marginal de redução de 50 p.b.

Enquanto isso, o governo do presidente Donald Trump recorreu ontem da decisão de um juiz federal que suspendeu temporariamente a exoneração da diretora do Fed, Lisa Cook.

As taxas dos Treasuries avançam na manhã desta quinta-feira, à medida que os investidores se preparam para o segundo dos dois principais indicadores de inflação da semana. A taxa do Treasury de 10 anos sobe 2 p.b., para 4,05%. O título de 30 anos avança 3 p.b., atingindo 4,71%, enquanto o de 2 anos ganha 2 p.b., chegando a 3,55%.

O índice do dólar (DXY) registra leve alta, cotado a 97,8 pontos, em sua terceira sessão consecutiva de valorização.

O preço do ouro recua 0,20% nesta quinta, negociado a US$ 3.633,97 por onça — ainda próximo das máximas históricas.

O petróleo opera estável, com o Brent negociado a US$ 67,50 por barril.

As bolsas europeias apresentam desempenho misto nesta manhã, com os investidores à espera da decisão de juros e das atualizações do Banco Central Europeu (BCE). Embora não se espere alterações na taxa, atualmente em 2%, o mercado acompanhará as projeções macroeconômicas do BCE.

Os futuros do S&P 500 operam próximos da estabilidade hoje. O movimento ocorre após o índice registrar nova máxima histórica, impulsionado pela forte valorização das ações da Oracle.

A Oracle surpreendeu positivamente o mercado com suas projeções de crescimento para o segmento de computação em nuvem. As ações dispararam cerca de 36% na sessão, marcando o melhor desempenho desde 1992 e adicionando US$ 244 bilhões ao valor de mercado da companhia.

Ontem o Ibovespa encerrou o pregão em alta de 0,52%, aos 142.349 pontos. O dólar fechou em baixa de 0,53%, valendo R$ 5,40, enquanto os juros futuros encerraram mistos — em alta na parte curta da curva e em queda no trecho mais longo.

Economia

EUA: O PPI caiu 0,1% em agosto, contrariando as expectativas de alta. O resultado refletiu queda nos preços de energia (-0,4%), leve alta nos alimentos (+0,1%) e recuo do núcleo do PPI (-0,1%). O PPI excluindo alimentos, energia e serviços de comércio avançou 0,3%.

Margens de varejistas e atacadistas caíram 1,7%, enquanto passagens aéreas (+1,0%) e serviços de gestão de portfólio (+2,0%) subiram. Alguns componentes relevantes para o núcleo do PCE tiveram variações elevadas na margem.

Os preços de cuidados médicos no PPI também avançaram, sugerindo alta de 0,23% no mês para serviços médicos no PCE. Com isso, a estimativa é que o núcleo do PCE tenha subido 0,30% em agosto, levando a taxa anual a 3,0%.

Brasil: O IPCA registrou deflação de 0,11% em agosto, em linha com nossa projeção e menos intensa do que a esperada pelo mercado. O resultado refletiu quedas em alimentos, energia elétrica, automóveis e gasolina, mas pressões maiores em vestuário e serviços ligados ao emprego. Assim, a leitura do mês foi menos benigna, com núcleos de inflação mostrando resistência.

Os núcleos voltaram a acelerar em agosto, com alta de 0,30% frente a 0,27% em julho, mantendo a variação em 12 meses em 5,1%. O núcleo de bens subiu de 0,03% para 0,49%, pressionado por vestuário e móveis, enquanto os serviços recuaram com deflação em passagens aéreas e recreação. Ainda assim, o núcleo de serviços, excluindo passagens aéreas, avançou 0,34% no mês e segue elevado em 6,7% em termos anuais — permanecendo como principal obstáculo à desinflação.

Mantemos a visão de desinflação gradual, sustentando a necessidade de política monetária em nível restritivo. Projetamos aceleração do IPCA para 0,75% em setembro, diante da recomposição da tarifa de energia e menor alívio em alimentos. Para 2025, a projeção foi mantida em 5,0%.

Avaliamos que a inflação só convergirá à meta no horizonte relevante em 2026, quando o Banco Central poderá iniciar cortes de juros, levando a Selic a 11,00% ao final do ciclo em dezembro de 2026.

Preços de ativos selecionados¹

(1) Cotações tomadas às 8h BRT trazem o fechamento do dia dos ativos asiáticos, o mercado ainda aberto para ativos europeus e futuros e o fechamento do dia anterior para os ativos das Américas.

(2) Ativos de renda fixa apresentam a variação em pontos-base (p.b.), esta é a forma como o mercado expressa variações percentuais em taxas de juros e spreads. O ponto-base é igual a 0,01% ou 0,0001 em termos decimais. Os demais ativos mostram a variação em percentual.                 

Fonte: Bloomberg.

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Por:

Alexandre MathiasLuciano CostaBruno Benassi
Estrategista-chefe
da Monte Bravo Corretora
Economista-chefe
da Monte Bravo Corretora
Analista de Ativos
CNPI: 9236

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