Investimentos
18/06/2025 • 6 mins de leitura
Live: Onde investir em junho após as decisões sobre juros no Brasil e nos EUA?
Depois de toda a tensão desencadeada nos mercados globais pela…
As tarifas impostas por Donald Trump às exportações brasileiras criaram uma nova camada de complexidade no cenário de investimentos, gerando ainda mais incerteza e volatilidade no mercado doméstico.
O tarifaço se soma a outros fatores que já pesavam no humor dos investidores, como o complicado cenário fiscal no Brasil, a discussão cada vez mais forte sobre as eleições de 2026 e as dúvidas a respeito do corte de juros nos Estados Unidos (a redução daria uma bela ajuda aos ativos brasileiros).
Como esses fatores impactam os investimentos e quais são as estratégias para navegar neste cenário?
Na live mensal de agosto de 2025 da Monte Bravo, nossa equipe de Análise fala sobre as implicações e as oportunidades que surgem em meio a essas incertezas.
Entenda a seguir:
Assista à gravação da live e veja o resumo da discussão:
A perspectiva para a economia global continua sendo de desaceleração, com um crescimento esperado de 2,7% em 2025.
Parte relevante desse crescimento vem dos Estados Unidos, que apresentam uma inflação relativamente favorável e um mercado de trabalho em enfraquecimento — o que afasta a possibilidade de recessão e reforça a visão de um avanço mais contido do PIB americano.
Outro ponto importante endossado pelos dados de inflação e mercado de trabalho nos EUA é o iminente corte de juros pelo Federal Reserve (Fed) em setembro (a taxa vem sendo mantida na faixa entre 4,25% e 4,50% ao ano desde dezembro de 2024).
No cenário Monte Bravo, enxergamos três cortes de 0,25 ponto percentual nas reuniões de setembro, outubro e dezembro do Fed, o que levaria os juros americano para 3,50% a 3,75% a.a. no fim de 2025..
Essa flexibilização monetária nos EUA é uma notícia chave, pois favorece os ativos globais, especialmente para investidores que buscam rentabilidade em um ambiente de juros mais baixos.
Na China, a desaceleração em setores como varejo, indústria e investimentos tem sido combatida com medidas de estímulo governamentais, incluindo subsídios ao consumo e investimentos em infraestrutura. A expectativa é de um crescimento médio de 4,7% para a economia chinesa.
Para investidores de alto patrimônio, a compreensão desses movimentos globais é fundamental para a diversificação de portfólio e a identificação de oportunidades em mercados emergentes ou em setores específicos que se beneficiam dessas políticas de estímulo.
No Brasil, o cenário fiscal continua sendo um risco relevante, com a discussão sobre a dificuldade de entregar metas primárias.
A trajetória da dívida pública não apresenta alívio claro, mantendo a pressão sobre os prêmios de risco e as curvas longas de juros.
O resultado estrutural negativo desde 2020, que se mantém após 2023, indica que, apesar das receitas recorrentes, o ritmo de alta não se alterou significativamente.
Para investidores preocupados com a proteção do patrimônio, a atenção à política fiscal é crucial, pois ela impacta diretamente a percepção de risco do país e, consequentemente, o valor dos ativos.
Em relação aos fluxos de capital, maio e junho registraram uma entrada expressiva em renda fixa (cerca de US$ 8,2 bilhões), enquanto a bolsa sofreu com a volatilidade em razão do tarifaço de Trump, com saídas em junho e julho.
No entanto, agosto mostrou entradas estáveis, sugerindo uma confiança na retomada com cortes na Selic no futuro.
A atividade econômica brasileira desacelera, com o varejo em queda e o setor de serviços, embora mais resiliente, mostrando sinais de desaceleração em algumas áreas. As projeções para o PIB são de 1,9% em 2024 e 2% em 2025 e 2026.
A inflação, por sua vez, apresenta expectativas de queda, especialmente em 2025. Na visão dos nossos analistas, isso abre espaço para cortes na taxa Selic a partir do início do próximo ano, com projeção de juros em 11% ao final de 2026.
Um dos pontos chave da nossa estratégia de investimentos é a a compreensão do dólar como principal motor da dinâmica global em 2025, com efeito direto sobre ativos locais e fluxos de capitais.
Apesar da volatilidade, a moeda americana permanece como a reserva dominante global, com mais de 57% das reservas internacionais.
O enfraquecimento do dólar em cerca de 10% (de R$ 6,20-6,30 para R$ 5,50) reflete uma revisão de preços global. Vale destacar que um dólar mais fraco ou estável, impulsionado por cortes de juros nos EUA, tende a favorecer ativos de risco no Brasil, como ações e renda fixa.
No curto prazo, tarifas e volatilidade podem gerar choques, como observado na bolsa brasileira em julho, mas o movimento dominante segue o viés de câmbio e taxas de juros globais.
A taxa Selic elevada no Brasil, embora reduza o dinamismo econômico, pode recuar com a inflação sob controle, o que, combinado com a tendência de queda dos juros nos EUA, cria um cenário favorável para a rentabilidade de investimentos em ativos brasileiros.
A volatilidade política no Brasil, especialmente em ano eleitoral, também é um fator a ser monitorado, pois pode impactar a percepção de risco e o fluxo de capitais. A estratégia de proteção do patrimônio, nesse contexto, envolve a diversificação e a atenção constante aos movimentos do câmbio e das taxas de juros.
Nossa equipe de Análise enfatizou a importância de uma estratégia de investimento alinhada com os cenários global e doméstico.
A trajetória de alta da dívida pública brasileira permanece como o maior risco. No entanto, a leitura principal para 2025 é a da queda do dólar como principal fator a impulsionar o desempenho de ativos globais.
O corte de juros nos EUA enfraqueceria a moeda americana, o que abre caminho para uma melhor performance dos ativos de risco, especialmente os investimentos na bolsa de valores. Contudo, o ambiente fiscal doméstico e a Selic alta limitam o upside no Brasil.
Os dias de taxa de juros congelada nos Estados Unidos, ao que parece, estão chegando ao fim.
Cada vez mais analistas apostam em um corte na próxima reunião do Fed, em setembro. Se confirmado, será o primeiro desde dezembro de 2024.
Aqui na Monte Bravo, a perspectiva é de um corte 0,25 ponto em setembro, seguido de dois outros de mesma magnitude até dezembro. Assim, os juros nos EUA passariam dos atuais 4,25% – 4,50% ao ano para a faixa entre 3,50% e 3,75% a.a. no fim deste ano.
A expectativa é que o início de um novo ciclo de redução nos juros americanos destrave a alta de ativos de risco — e a bolsa de valores no Brasil deve se beneficiar diretamente desse movimento.
Para depois de setembro, são esperadas novas reduções de juros pelo Fed. Mas a autoridade monetária está hoje em um contexto de troca de comando.
O mandato do presidente Jerome Powell termina em maio de 2026. Donald Trump, porém, já entrou em embate público contra o executivo diversas vezes defendendo juros mais baixos no país. Houve até rumores de demissão de Powell antes do fim de seu mandato.
Além disso, Trump fez dois outros movimentos na tentativa de renovar a diretoria do Fed:
O Fed é uma instituição independente e Donald Trump, em teoria, não tem poder para demitir dirigentes, a não ser em caso de falhas graves de conduta. Na prática, o embate com Lisa Cook desafia a autonomia do Fed.
Por que isso importa?
Uma mudança de comando no Fed poderia acelerar o ritmo dos cortes de juros nos EUA diante da pressão de Trump por uma taxa mais baixa. Juros menores nos EUA, por sua vez, incentivariam uma migração ainda mais forte para ativos de risco.
Como já mencionado, o comportamento do dólar parece ter um peso decisivo no desempenho de outros ativos nos mercados globais.
Isso porque uma redução de juros nos EUA, em teoria, reduz a atratividade dos títulos públicos americanos, considerados os ativos mais seguros do mundo. E para onde iria o dinheiro dos investidores? Para bolsas de valores e ativos de países emergentes, como o Brasil.
Essa migração de capital resultaria em um enfraquecimento do dólar diante de várias moedas, inclusive o real. Com a sinalização recente do Fed de que o corte de juros virá em setembro, esse processo já começou.
A Selic deve começar a cair no início de 2026, quando, na visão dos nossos analsitas, as expectativas de inflação estarão mais alinhadas com o objetivo do Banco Central.
Isso incentivaria investimentos em renda variável, mas ainda assim, não removeria totalmente a atratividade da renda fixa, considerando um ritmo lento de queda da Selic.
Além disso, 2026 será um ano de eleições presidenciais, e a evolução da disputa pode influenciar as trajetórias tanto do dólar quanto da própria Selic.
A Carteira Monte Bravo de ações demonstrou um desempenho ligeiramente superior ao Ibovespa em julho, com contribuições significativas de posições nos EUA (IVB11, Nasdaq) e inclusão de ETFs com exposição aos EUA sem hedge cambial.
A Vale também contribuiu positivamente devido à alta do minério de ferro, impulsionada pela China.
Setores sensíveis a juros, como utilidades públicas e cíclicos domésticos, apresentaram destaques negativos.
Em agosto, houve ajustes, com a zeragem da posição em ouro via Aura e redução de posições em ouro, e aumento em cíclicos domésticos e Suzano, que se beneficia da isenção de tarifas adicionais dos EUA e perspectivas positivas para o preço da celulose.
A temporada de resultados (setembro/outubro) foi generalizadamente positiva para o Ibovespa, com surpresas de lucros por ação.
Empresas como Eletrobras, Sabesp e Equatorial foram destacadas pela melhoria de margens, eficiência e fluxo de caixa. Itaú/Unibanco e Nubank também apresentaram resultados fortes.
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