Informe Diário
16/09/2024 • 4 mins de leitura
Antes da superquarta, ativos de risco seguem em compasso de espera
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O cenário global continua a ser pautado pela guerra comercial de Trump, ainda que os impactos tenham se tornado limitados à medida que as tarifas mais altas já estão incorporadas. No entanto, a conduta errática e as mudanças contínuas geram incerteza e perturbam os mercados.
Ontem (09), o presidente anunciou de forma surpreendente tarifas de 50% sobre as importações do Brasil e de cobre.
A avaliação predominante é de que ainda há espaço para negociação antes que as alíquotas mais pesadas entrem em vigor.
Na noite de quarta-feira, Donald Trump anunciou uma tarifa de 50% sobre produtos do Brasil, em parte como retaliação ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro — uma iniciativa extremamente arbitrária, por fugir da pauta econômica e se intrometer na lógica jurídica de uma outra nação.
Trump alegou ainda que a relação comercial com o Brasil é “muito injusta” e “longe de ser recíproca”. Na carta enviada, há um erro factual: considera que os EUA têm déficit com o Brasil, quando há muitos anos o país registra superávits.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o Brasil responderá à tarifa de 50% com base na legislação de reciprocidade econômica.
Os contratos futuros de cobre sobem 2,50%, aproximando-se do recorde histórico. O avanço ocorre após Trump afirmar ontem que uma tarifa de 50% sobre as importações de cobre passará a valer em 1º de agosto.
As preocupações com os efeitos inflacionários das tarifas e impactos sobre o mercado de trabalho apareceram na ata da reunião de junho do Fed, divulgada ontem. Segundo o documento, apenas “alguns poucos” diretores cogitam cortes de juros ainda neste mês. A maioria prefere esperar.
Os Treasuries estão estáveis, enquanto o índice do dólar recua 0,20%. O Bitcoin renovou sua máxima histórica na tarde de quarta-feira. O ouro à vista subiu 0,30% nesta quinta-feira, para US$ 3.322,46 por onça. Os preços do petróleo caíram, com o Brent recuando 0,31%, para US$ 69,97 por barril.
As bolsas asiáticas fecharam mistas. As ações europeias operam em alta, enquanto os futuros dos índices norte-americanos indicam leve baixa.
Ontem, as ações de tecnologia dispararam após a Nvidia se tornar a primeira empresa a atingir US$ 4 trilhões em valor de mercado. O Nasdaq Composite, carregado de empresas do setor, encerrou o dia em nova máxima histórica.
Ontem o dólar comercial fechou em alta de 1,06%, a R$ 5,503, após o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciar a nova tarifa unilateral contra o Brasil. O Ibovespa fechou em queda de 1,31%, a 137.481 pontos, enquanto os juros futuros encerraram o dia em forte alta ao longo de toda a curva.
EUA: A ata da reunião da reunião de junho do Fed indicou que os membros, em geral, concordaram que o Comitê está bem posicionado para aguardar mais clareza sobre a inflação e a atividade econômica antes de ajustar a política monetária. Apesar da redução das incertezas desde maio, a maioria avaliou que ainda é necessário manter uma postura cautelosa. A maior parte dos participantes considerou que alguns cortes na taxa básica seriam apropriados ainda em 2025, em linha com as projeções do Comitê. Alguns, porém, consideraram adequado manter as taxas inalteradas, enquanto apenas poucos defenderam a possibilidade de um corte já na reunião de julho.
A maioria dos membros destacou que as novas tarifas podem ter efeitos mais persistentes sobre a inflação, podendo influenciar também as expectativas inflacionárias. O quadro traçado pela equipe técnica do Fed apontou para um crescimento do PIB mais forte até 2027 e menor risco de recessão, com projeção de inflação mais baixa que em maio, ainda que impactada temporariamente pelas tarifas. Mantemos a expectativa de que o ciclo de cortes de juros seja retomado com um corte de 25 pontos base na reunião de setembro, seguido de mais dois cortes de 25 p.b. nas reuniões de outubro e dezembro, levando a taxa de juros básica para 3,75% a.a.
EUA: A decisão do ex-presidente Donald Trump de impor uma tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros a partir de 1º de agosto representa uma medida extrema, que pode inviabilizar o acesso do Brasil ao mercado norte-americano. Embora o impacto direto sobre as exportações possa ser mitigado pelo redirecionamento de commodities para outros destinos, a medida amplia o uso do comércio como arma geopolítica. O anúncio veio acompanhado de uma ordem para que o Escritório do Representante de Comércio dos EUA abra investigação contra o Brasil, com base na Seção 301 da Lei de Comércio de 1974 — em um momento de crescente tensão bilateral.
Trump justificou a tarifa citando supostos déficits comerciais com o Brasil, embora os dados mostrem o contrário. A ação, vista por analistas como resposta ao alinhamento crescente do Brasil com os BRICS, pode acelerar o afastamento entre Brasília e Washington. Ao mesmo tempo, tende a reforçar os laços do Brasil com a China — principal parceiro comercial do país — e dar impulso a acordos com outras regiões, como o Mercosul-União Europeia. Diante da escalada, autoridades brasileiras enxergam pouco espaço para concessões e devem buscar estratégias para conter os efeitos da medida sobre o comércio exterior.
Estamos finalizando um Monte Bravo Analisa com a discussão das tarifas e seus impactos econômicos e sobre os mercados, passando pelas empresas listadas na Bolsa. A análise vai circular até 12h.
(1) Cotações tomadas às 8h BRT trazem o fechamento do dia dos ativos asiáticos, o mercado ainda aberto para ativos europeus e futuros e o fechamento do dia anterior para os ativos das Américas.
(2) Ativos de renda fixa apresentam a variação em pontos-base (p.b.), esta é a forma como o mercado expressa variações percentuais em taxas de juros e spreads. O ponto-base é igual a 0,01% ou 0,0001 em termos decimais. Os demais ativos mostram a variação em percentual.
Fonte: Bloomberg.
Por:
Alexandre Mathias | Luciano Costa | Bruno Benassi |
Estrategista-chefe da Monte Bravo Corretora | Economista-chefe da Monte Bravo Corretora | Analista de Ativos CNPI: 9236 |