Os vieses comportamentais e os perigos para os investidores

Os vieses comportamentais e os perigos para os investidores

09/04/2021 às 11:39

09

Sexta

Abr

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Por Rebeca Nevares, Sócia da Monte Bravo.

Diariamente somos bombardeados com uma infinidade de informações, seja via redes sociais, sites de notícias ou comunicados. No mercado financeiro, obviamente, não é diferente.

No meio de tantas opiniões e dados, as dificuldades na tomada de decisão são enormes. Os vieses podem contaminar as análises e prejudicar os resultados dos investidores a longo prazo. É sobre isso que iremos tratar no artigo de hoje.

Durante a semana, a Monte Bravo promoveu um webinar sobre o assunto com João Braga, da Encore Asset. Durante a conversa, o gestor trouxe algumas dicas que podem ajudar e, muito, na construção de uma tese de investimentos. Assista abaixo:

É claro que existem muitos vieses catalogados e não caberia neste artigo falar sobre eles. A ideia aqui é trazer alguns insights utilizados por gestores profissionais para ajudar a minimizar as chances de perder dinheiro na bolsa.

Entre outros pontos, Braga citou que precisamos lembrar que o nosso cérebro se adaptou às condições de sobrevivência humana ao longo de milhares de anos, porém os rastros evolutivos não fazem com que, necessariamente, tomemos as decisões mais racionais nas diferentes situações da vida.

Isto porque a nossa visão pode estar contaminada, por exemplo, pelo Viés de Confirmação. Ou seja, nosso cérebro gosta de procurar opiniões semelhantes às nossas e isto pode afetar o nosso julgamento.  

Isso por si só já explica muita coisa. Imagine uma análise que só considera pontos positivos e não se aprofunda em questões negativas sobre uma empresa? Tem um enorme potencial de dano.

Neste sentido, a grande recomendação do gestor foi a de se tornar um contrarian. O nome é autoexplicativo, mas o que ele quer dizer, basicamente, é que precisamos questionar, ir contra a corrente.

O que nos leva para este caminho?

No processo de investimentos é fundamental estar aberto ao contraditório e ouvir opiniões externas, seja de pessoas ou por meio da leitura de relatórios e notícias.

Considerar o pensamento contrário ajudará a evitar ir na mesma direção do chamado “Efeito Manada”, ou seja, quando surgem boatos sobre uma companhia e parte dos investidores começam a negociar suas ações sem, de fato, conhecer a causa.  

Além disso, o gestor sugeriu que cada investidor criasse um diário para reunir todas as informações sobre as empresas analisadas. A partir disso, a ideia é reunir dados todos os dias para que a decisão seja formada com bastante diversidade de opiniões.

Por outro lado, e citando o investidor americano Howard Marks, ele chamou a atenção para a questão dos ciclos e destacou que não basta comprar ações de uma empresa só porque ela é boa. É preciso checar se os ativos dela estão caros e possuem algum upside.

Caso seja capaz de olhar os ciclos no detalhe e acerte o timing de entrada de uma posição, o investidor, de fato, pode ganhar muito dinheiro no longo prazo.

Para finalizar, ele também citou a questão dos investimentos quantitativos, ou seja, aqueles que contam com a ajuda de robôs.

Conclusão

Eu mesma já escrevi um artigo sobre o assunto aqui neste espaço, mas vale lembrar que as ferramentas de inteligência artificial aplicadas ao mercado financeiro têm sido boas aliadas de gestoras na tomada de decisão.

No Brasil, este tipo de ferramenta ainda não é muito utilizada, mas países como os Estados Unidos já se valem da solução em maior grau. Não deve demorar até que isto seja popularizado por aqui.

As questões trazidas neste texto são fundamentais para o sucesso do investidor, mas não bastam. É preciso ter regularidade nos aportes e estudar novos conceitos de investimentos para que você tenha repertório intelectual na hora de escolher um ativo para a sua carteira. Bons negócios!

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