Análise
08/05/2024 • 3 mins de leitura
Monte Bravo Analisa | Copom reduz taxa Selic para 10,50% a.a.
Após a reunião desta quarta-feira (08), O Comitê de Política…
📄 Para conferir a análise em formato PDF, clique aqui.
A economia cresceu ligeiramente acima do esperado no segundo trimestre de 2025. O consumo e as exportações lideraram a alta entre os componentes da demanda. Entre os setores da oferta, a indústria e serviços expandiram na margem, enquanto a agricultura registrou contração menor que a projetada.
Apesar do consumo crescer, os investimentos contraíram na margem, levando a queda da demanda doméstica no 2T25. Esse comportamento dos setores mais sensíveis ao ciclo interno reflete os efeitos da política monetária restritiva.
A expectativa é de que o processo de desaceleração da demanda doméstica prossiga no segundo semestre, contribuindo para aliviar o excesso de capacidade da economia.
O PIB cresceu 0,4% na margem no 2T25, ficando ligeiramente acima da nossa projeção e do consenso do mercado — que esperavam altas de 0,2% e 0,4% na margem, respectivamente. Em termos anuais, o PIB cresceu 2,2%, desacelerando em relação ao crescimento de 2,9% no 1T25.
O consumo manteve resiliência, com alta de 0,5% na margem, mas em ritmo menor que no trimestre anterior (+1,0%). O mercado de trabalho aquecido e o nível elevado das transferências de renda continuam sustentando a demanda, embora o efeito dos juros mais altos sobre o crédito devam se intensificar no segundo semestre, pressionando o custo dos financiamentos e elevando a inadimplência.
Os investimentos contraíram 2,2% na margem devido à queda da produção de bens de capital e da construção civil, que contraiu 0,2% na margem — indicando que o aumento das taxas de juros está impactando o setor.
A demanda doméstica, composta por consumo e investimentos, caiu 0,2% na margem, após o ajuste da variação de estoques.
O setor externo contribuiu positivamente para o crescimento, com avanço de 0,6% na margem, resultado da forte queda das importações (-2,9%) e da recuperação das exportações (+0,7%).
Pela ótica da oferta, a indústria cresceu 0,5% na margem e 1,1% em relação ao mesmo período de 2024. O desempenho positivo foi concentrado na indústria extrativa mineral (+5,4%), que compensou as quedas da indústria de transformação e da construção civil.
Os serviços tiveram um desempenho positivo, com alta de 0,6% na margem. Os serviços financeiros, serviços de tecnologia, transportes e atividades imobiliárias cresceram na margem, enquanto os serviços públicos (saúde e educação) tiveram contração na margem.
A agricultura contraiu 0,1% na margem. O desempenho, no entanto, foi bem melhor que o esperado, com destaque para o aumento de produção de soja, milho, café e algodão.
Após a divulgação, mantemos a projeção de crescimento de 1,9% para o PIB em 2025, o que pressupõe altas modestas de 0,1% no 3° e 4° trimestres.
O desempenho do 2T25 confirma a perda de dinamismo da economia, em linha com o esperado, já refletindo os impactos do aumento da taxa de juros reais sobre a demanda interna. Setores cíclicos como construção civil, indústria de transformação e comércio tendem a sentir mais intensamente essa desaceleração.
Esse cenário reforça nossa avaliação de que a moderação do crescimento ao longo do segundo semestre deve levar o hiato do produto a níveis próximos da neutralidade no fim do ano. Tal movimento abrirá espaço para que o Banco Central inicie o ciclo de cortes de juros em janeiro de 2026, com a taxa Selic projetada em 11,0% a.a. em dezembro de 2026.
Por:
Alexandre Mathias | Luciano Costa | Bruno Benassi |
Estrategista-chefe da Monte Bravo Corretora | Economista-chefe da Monte Bravo Corretora | Analista de Ativos CNPI: 9236 |