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- IPCA avançou 0,52% em dezembro, ligeiramente abaixo das expectativas;
- Apesar dos números abaixo do esperado, a composição do índice é bastante preocupante;
- Núcleos da inflação permanecem em patamar elevado e exigem vigilância do Banco Central;
- Nossa projeção para o IPCA em 2025 é de alta de 6,2%.
O IPCA de dezembro apresentou alta de 0,52%, ficando ligeiramente abaixo de nossa expectativa e do consenso de mercado. Apesar desse leve desvio, a composição do índice é bastante preocupante. Houve uma aceleração acima do esperado na inflação de bens — possivelmente refletindo os primeiros efeitos da recente depreciação cambial —, além da continuidade da alta no núcleo de serviços — que já se aproxima de 6,0% ao ano.
Em relação à política monetária, o balanço de riscos assimétrico e a fragilização da âncora fiscal continuam demandando uma postura firme do Banco Central. Isso reforça a sinalização de manutenção do ritmo de alta de 100 pontos base nas próximas duas reuniões. Acreditamos que a deterioração do cenário inflacionário exigirá a continuidade do ciclo com mais duas elevações de 50 pontos base nas reuniões de maio e junho, levando a taxa Selic terminal para 15,25% ao ano.
O IPCA encerrou o ano com uma alta acumulada de 4,8%.
As principais pressões sobre o índice em dezembro vieram de alimentos, alta nos preços de eletrodomésticos, vestuário, gasolina e serviços. Era esperada uma reversão da deflação de bens observada em novembro devido à Black Friday, mas o movimento de alta superou essa expectativa.
Embora a inflação tenha ficado ligeiramente abaixo do previsto, a dinâmica dos núcleos — bem como dos segmentos de serviços e bens — trouxe sinais preocupantes para a trajetória inflacionária nos próximos meses.
Os núcleos permaneceram em patamar elevado, com alta de 0,58% em dezembro e acelerando frente a novembro (0,39%). No acumulado de 12 meses, a variação passou de 4,2% em novembro para 4,3% em dezembro. Esse comportamento mantém os núcleos em um nível desconfortável e exige vigilância do Banco Central.
O núcleo de bens mostrou forte aceleração, refletindo a reversão da deflação da Black Friday e o repasse da depreciação cambial. Em dezembro, registrou alta de 0,68% — após deflação de 0,13% em novembro. No acumulado de 12 meses, subiu de 2,1% em novembro para 2,4% em dezembro.
Os serviços continuaram pressionados, impulsionados pelo mercado de trabalho aquecido. O núcleo de serviços, excluindo passagens aéreas, registrou alta de 0,67% em dezembro. O destaque ficou para alimentação fora do domicílio, seguro de automóvel e serviços de entretenimento. Em termos anuais, o núcleo de serviços apresentou forte aceleração e atingiu 5,8% em dezembro.
Para janeiro, projetamos uma deflação de 0,05% no IPCA por conta do impacto do bônus de Itaipu nas contas de luz. Contudo, essa redução será revertida em fevereiro, quando o índice deverá subir para 1,56%.
A projeção para o IPCA em 2025 é de uma alta de 6,2%.