Em meio a pressões sobre o Fed, mercado monitora dados da inflação nos EUA

29/08/2025 • 4 mins de leitura

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Mercados

Os mercados estão cada vez mais inquietos diante das ameaças à independência do Federal Reserve.

Trump usou as acusações feitas por Bill Pulte — diretor da Federal Housing Finance Agency, que alega que Lisa Cook prestou informações falsas em pedidos de financiamento imobiliário — para demitir a diretora do Fed. Ela contestou a decisão na Justiça na quinta-feira (28) e uma audiência foi marcada para esta sexta-feira (29).

Trump afirmou que em breve terá maioria no Fed, indicando sua influência sobre as decisões de juros de curto prazo. O impacto sobre a percepção de risco tem sido claro: a curva de juros está bem mais inclinada, com as taxas de curto prazo recuando, enquanto as de longo prazo avançam.

Christopher Waller, diretor do Fed e candidato à presidência da instituição, destacou ontem a deterioração das perspectivas de emprego como justificativa para cortes de juros. Segundo ele, o cenário econômico inspira pessimismo, especialmente no mercado de trabalho.

Hoje investidores acompanharão de perto o índice de preços de gastos com consumo pessoal (PCE). A expectativa é de alta de 0,20% em julho e de 2,60% no anual, com o núcleo que excluí comida e energia em 3,00% na taxa anual.

A taxa do Treasury de 10 anos sobe para 4,22%, enquanto a de dois anos recua para 3,63%. Já a taxa de 20 anos avança para 4,90%, acentuando a inclinação da curva diante do risco inflacionário associado à política de Trump.

O dólar opera estável. O índice DXY, que mede a moeda americana frente a seis pares, sobe 0,20%, a 98,0 pontos. O ouro à vista recua 0,10%, negociado a US$ 3.414 por onça. O petróleo Brent recua 0,84%, negociado a US$ 68,10 por barril.

Na Ásia, os mercados encerraram o pregão de forma mista, em contraste com o desempenho de Wall Street. O índice Nikkei 225 caiu 0,26%, enquanto o Hang Seng subiu 0,45%. Na China continental, o CSI 300 avançou 0,74%.

Na Europa, as bolsas operam em queda, com o índice pan-europeu STOXX 600 recuando 0,40%.

Nos EUA, o S&P 500 atingiu novo recorde ontem, fechando a 6.502 pontos, alta de 0,30%. A Nvidia caiu apenas 0,80% após convencer investidores de que a demanda por inteligência artificial permanece sólida. Os futuros dos índices americanos operam estáveis.

No Brasil, ontem o Ibovespa encerrou em alta de 1,32%, aos 141.049 pontos. O dólar comercial recuou 0,19%, cotado a R$ 5,406, enquanto os juros futuros caíram nos vértices longos e mostraram pouca variação na ponta curta.

Economia

EUA: O PIB real dos EUA no 2º trimestre foi revisado para cima em 0,3 ponto percentual, para um crescimento de 3,3% na margem em termos anualizados trimestrais. A revisão trouxe composição favorável, com destaque para consumo (+1,6%) e investimento (+5,7%), enquanto habitação, gastos do governo e estoques foram revisados para baixo.

A demanda doméstica, que é composta pelo consumo e o investimento privado, subiu 1,9% na margem. No investimento empresarial, destacou-se a forte revisão positiva em produtos de propriedade intelectual, puxada por software e P&D, além de altas em equipamentos, embora estruturas continuem em queda. As exportações e importações foram levemente revisadas para cima, mantendo a contribuição líquida do comércio em alta de 5,0 p.p.

A inflação medida pelo PCE também foi revista para baixo no trimestre. O núcleo do PCE recuou para 2,47% anualizado (2,71% em 12 meses) e o índice cheio para 2,01% (2,39% em 12 meses). Para julho, a expectativa é de que o núcleo do PCE registre alta de 0,26% no mês, levando a taxa anual para 2,87%, enquanto o índice cheio deve subir 0,18%, acumulando 2,58% em 12 meses.

Brasil: O Tesouro Nacional registrou déficit de R$ 59,1 bilhões em julho, levemente melhor que a mediana de mercado (-R$ 59,5 bilhões), impulsionado por receita de imposto de renda acima do esperado. Em 12 meses, o déficit do governo central recuou para R$ 37,3 bilhões, ou -0,3% do PIB, refletindo a concentração de pagamentos de precatórios em julho (R$ 60,5 bilhões), que no ano passado ocorreu em fevereiro. Esse efeito sazonal deve manter o resultado em terreno negativo nos próximos meses, com expectativa de encerrar 2025 em torno de -0,6% do PIB.

Na análise das contas, a receita administrada pela Receita Federal cresceu 5,8% em termos reais no ano, sustentada pelo ciclo econômico, enquanto a arrecadação líquida para o INSS subiu 3,1%. As despesas dispararam 28,3%, puxadas pelos precatórios e pela alta em benefícios previdenciários e assistenciais.

No acumulado de janeiro a julho, a receita líquida avançou 3,0%, mas as pressões estruturais em gastos obrigatórios seguem como desafio, especialmente em previdência e assistência. Embora as despesas discricionárias estejam contidas até aqui (-20,9%), a tendência é de recomposição até o fim do ano devido à necessidade de cumprir os pisos constitucionais de saúde e educação. Mantemos a expectativa de déficit de 0,8% do PIB para resultado primário consolidado do setor público.

Preços de ativos selecionados¹

(1) Cotações tomadas às 8h BRT trazem o fechamento do dia dos ativos asiáticos, o mercado ainda aberto para ativos europeus e futuros e o fechamento do dia anterior para os ativos das Américas.

(2) Ativos de renda fixa apresentam a variação em pontos-base (p.b.), esta é a forma como o mercado expressa variações percentuais em taxas de juros e spreads. O ponto-base é igual a 0,01% ou 0,0001 em termos decimais. Os demais ativos mostram a variação em percentual.                 

Fonte: Bloomberg.

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Por:

Alexandre MathiasLuciano CostaBruno Benassi
Estrategista-chefe
da Monte Bravo Corretora
Economista-chefe
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Analista de Ativos
CNPI: 9236

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