Governa eleva IOF e altera medida pela manhã

23/05/2025 • 4 mins de leitura

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Mercados

Os mercados seguem preocupados com o orçamento de Trump aprovado na pela Câmara ontem (22) e que, agora, precisa passar pelo Senado.

Segundo uma análise do Comitê por um Orçamento Federal Responsável, o plano adicionaria US$ 3,10 trilhões à dívida dos EUA até 2034. Alguns dos cortes de impostos previstos estão programados para expirar entre 2028 e 2029 e o impacto sobre a dívida seria maior caso fossem permanentes. Como os cortes de impostos estão concentrados nos primeiros anos, enquanto as economias com cortes só ganha força mais adiante, o déficit subiria dos já elevados 6,30% do PIB em 2024 para mais de 7,00% em 2026 e 2027.

Isso colocou pressão sobre os Treasuries dos EUA e elevou as taxas de juros nos últimos dias. Embora exista o risco de que temores em relação ao déficit levem a uma elevação das taxas de juros nas próximas semanas, acreditamos que o Fed e Trump fariam ajustes no caso de um aumento mais acentuado que desorganize o mercado — como já ocorreu durante a guerra comercial.

A taxa de juros do título do Tesouro de 30 anos atingiu 5,16%, o nível mais alto desde outubro de 2023. A taxa do título de 10 anos chegou a ultrapassar 4,60%. Ambas recuam nesta sexta-feira (23): a taxa do título de 30 anos caiu mais de 3 pontos base, para 5,03%, enquanto a do título de 10 anos recuou 3 p.b., para 4,52%. A taxa de 2 anos cedeu 2 p.b., para 3,99%.

O dólar americano avançou na quinta-feira após três dias de queda. O índice DXY — que mede o dólar frente a uma cesta de seis moedas — subiu 0,30%, para 99,91. O ouro à vista subia 0,30%, cotado a US$ 3.303,09 por onça, enquanto o Bitcoin renovou sua máxima histórica.

Os preços do petróleo recuaram nesta sexta: os contratos futuros do Brent caíram US$ 0,37, para US$ 64,07 por barril.

Os mercados da Ásia fecharam mistos nesta sexta-feira. Os mercados europeus abriram em alta, enquanto os futuros dos EUA operam próximos da estabilidade.

Ontem, no Brasil o Ibovespa fechou em queda de 0,44%, aos 137.273 pontos. O dólar comercial fechou em alta de 0,18%, cotado a R$ 5,6520.

Economia

EUA: Os PMIs de maio mostraram avanços tanto nos serviços quanto na indústria. O PMI de serviços subiu 1,5 ponto, para 52,3 pontos, superando levemente as expectativas. O aumento foi impulsionado por uma melhora nos novos negócios. Na indústria, o PMI avançou 2,1 pontos, também para 52,3 pontos, contrariando projeções de queda. A alta foi sustentada por ganhos em produção, novos pedidos e emprego.

Brasil: O governo divulgou o Relatório Bimestral de Receitas e Despesas Primárias referente a maio, anunciando uma contenção total de recursos no valor de R$ 31,3 bilhões. Essa contenção foi dividida entre um bloqueio de R$ 10,6 bilhões, destinado a respeitar o teto de despesas imposto do arcabouço fiscal, e um contingenciamento de R$ 20,7 bilhões, voltado ao cumprimento da banda inferior da meta de resultado primário, fixada em -0,25% do PIB.

Embora a medida esteja na direção correta, o governo continua mirando o piso da meta, ou seja, um déficit primário de 0,25% do PIB. Quando somados os gastos com precatórios — que representam 0,4% do PIB e são excluídos da meta fiscal para fins de cumprimento do arcabouço, mas impactam o resultado primário efetivo — projeta-se um déficit primário de aproximadamente -0,6% do PIB caso as premissas de receitas e despesas do governo sejam cumpridas. Esse resultado está distante do superávit primário estimado em torno de 2,0% do PIB necessário para estabilizar a dívida pública como proporção do PIB. Mantemos a expectativa de déficit primário sem descontos de 0,9%  em  2025.

Brasil: O governo elevou significativamente a alíquota do IOF sobre crédito para empresas, passando de 1,95% para até 3,95% ao ano — no caso das optantes pelo Simples Nacional, de 0,88% para 1,95%. A medida tende a ser contracionista, afetando principalmente empresas que dependem do crédito bancário, enquanto grandes companhias podem buscar financiamento no mercado de capitais ou no exterior. Houve também redução nas alíquotas de IOF para cartões de crédito e débito internacionais, de 6,38% e 4,38%, respectivamente, para 3,5%. Inicialmente, o governo ampliou a tributação sobre remessas ao exterior, compras de moeda e fundos estrangeiros, mas, diante da reação negativa do mercado, recuou parcialmente dessas medidas.

Além disso, foi fixado o prazo mínimo de 364 dias para empréstimos externos de curto prazo, que agora passam a ter incidência de IOF de 3,5%, igualando as regras para operações internas e externas. Permanecem isentas diversas operações voltadas à entrada de recursos no país, como exportações, investimentos estrangeiros e remessas de dividendos.

As mudanças têm efeito imediato e não exigem aprovação do Congresso, contribuindo para a meta fiscal. No entanto, o uso do IOF como instrumento de arrecadação aumenta a incerteza regulatória e o espaço para novas medidas com esse imposto é considerado limitado.

Com a exclusão dos fundos e a manutenção da taxa de IOF para pessoas físicas, a arrecadação estimada cai de R$ 20,5 bilhões para R$ 18,5 bilhões em 2025.

Preços de ativos selecionados¹

(1) Cotações tomadas às 8h BRT trazem o fechamento do dia dos ativos asiáticos, o mercado ainda aberto para ativos europeus e futuros e o fechamento do dia anterior para os ativos das Américas.

(2) Ativos de renda fixa apresentam a variação em pontos-base (p.b.), esta é a forma como o mercado expressa variações percentuais em taxas de juros e spreads. O ponto-base é igual a 0,01% ou 0,0001 em termos decimais. Os demais ativos mostram a variação em percentual.                 

Fonte: Bloomberg.

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Por:

Alexandre MathiasLuciano CostaBruno Benassi
Estrategista-chefe
da Monte Bravo Corretora
Economista-chefe
da Monte Bravo Corretora
Analista de Ativos
CNPI: 9236

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