Tensões políticas dominam os noticiários - Monte Bravo

Tensões políticas dominam os noticiários

17/12/2024 às 09:14

17

Terça

Dez

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Mercados

Tensões políticas estão vindo à tona em diversos países. A necessidade de ajuste fiscal, após a enorme expansão da pandemia, coloca pressão sobre os governos e sistemas políticos.

O governo da Alemanha perdeu um voto de confiança e deve haver eleições em fevereiro. No Canadá, a ministra das Finanças Chrystia Freeland renunciou ontem (16), discordando do primeiro-ministro Trudeau sobre como lidar com o nacionalismo econômico de Donald Trump, presidente eleito dos EUA.

A narrativa do bode expiatório está na moda. Culpar estrangeiros e mercados por tudo que está dando errado — nacionalismo econômico e populismo — é uma opção política tentadora, mas que costuma dar muito errado.

No Brasil, o governo está operando com déficits enormes, levando a uma trajetória explosiva da dívida, mas prefere culpar o mercado financeiro pela depreciação da moeda e pela crescente percepção de risco que eleva os juros.

O Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) se reúne hoje (17) à tarde e anunciará a sua decisão amanhã (18). Os mercados enxergam uma probabilidade de 96% de um corte de 25 pontos base, mas há dúvidas sobre a reunião de janeiro. Por isso, o foco será na atualização do comunicado e na coletiva de imprensa do presidente do Fed Jerome Powell. O resumo atualizado das projeções econômicas, com as visões dos diretores do banco central americano, também fornecerá pistas sobre o caminho dos juros.

As taxas dos Treasuries americanos tiveram pouca variação, com o título de 10 anos em 4,42% e o de 2 anos em 4,27%. O índice DXY — que mede o dólar contra outras seis moedas — subiu ligeiramente para 107. O ouro à vista manteve-se estável nesta terça, com alta de 0,1% a US$ 2.655 por onça.

O Bitcoin disparou para uma nova máxima histórica ontem e avança 1%, cotado a US$ 107,108. A criptomoeda acumula alta de 9% no mês, 52% desde a eleição presidencial americana e 149% no ano.

Os preços do petróleo operam na estabilidade, com os contratos futuros do Brent em US$ 73,9 por barril.

Os mercados asiáticos fecharam mistos hoje. Os mercados europeus abriram em território negativo, enquanto os futuros das ações americanas também recuam levemente.

Aqui no Brasil, ontem as incertezas diante das notícias de desidratação do ajuste fiscal e a falta de clareza sobre o cronograma para a aprovação dos projetos levaram a mais um dia de estresse brutal nos mercados.

Mesmo após o BC  atuar no mercado de câmbio vendendo US$ 1,63 bilhão, o dólar à vista fechou em nova máxima histórica: cotado a R$ 6,0942, em alta de 0,99%. A venda de dólares fez o prêmio de risco do câmbio migrar para o mercado de juros, levando a uma alta disparada de até 70 pontos base (0,7 p.p.) nos vértices mais longos, enquanto os juros reais das NTN-Bs mais longas superaram a marca de 7% e o Ibovespa recuou 0,84%, aos 123.560 pontos.

A aprovação do pacote é essencial para estancar a deterioração, mas a recuperação da confiança requer uma mudança de abordagem do governo. Negar a trajetória explosiva da dívida e ignorar os déficits nominais da ordem de 10% do PIB para culpar o mercado pelo aumento da percepção de risco não vai resolver a crise de credibilidade — pelo contrário, só está agravando a situação.

É preciso retomar a serenidade e seguir as propostas de Haddad para estancar o crescimento explosivo dos gastos com medidas estruturais. Sem isso, a crise vai se aprofundar em uma dinâmica similar à fase terminal do governo Dilma.

Economia

Brasil: A ata da reunião do Copom manteve a mensagem dura do comunicado, reforçando a agenda de preocupações que justificaram a aceleração da alta.

O Copom avaliou que os determinantes de curto prazo da inflação — como a taxa de câmbio e a inflação corrente — sofreram uma deterioração, assim como os determinantes de médio prazo — como as expectativas de inflação e o hiato do produto. Essa piora tem levado à persistente assimetria altista do balanço de riscos para a inflação. A estimativa do BC para a taxa de juros neutra passou de 4,75% para 5,0% a.a. e o comitê salientou que o menor esforço de reformas estruturais, o aumento do crédito direcionado e as incertezas em relação à solvência da dívida pública têm o potencial de elevar a taxa de juros neutra, com impactos nocivos sobre a potência da política monetária. 

A decisão pelo aperto mais tempestivo da taxa de juros passou por duas dimensões. A primeira foi a magnitude da deterioração de curto e médio prazo do cenário de inflação, o que exigia uma postura mais dura do Copom para manter o compromisso com a convergência da inflação para a meta. A segunda foi a materialização de vários riscos, como à resiliência da inflação de serviços, a desancoragem das expectativas de inflação e a depreciação cambial — o que tornou o cenário mais adverso, mas menos incerto, e permitiu maior visibilidade para o que o Copom oferecesse uma indicação das próximas decisões.

Em função de tudo isso, revisamos nosso cenário, que passou a considerar duas altas adicionais de 100 p.b. nas reuniões de janeiro e março de 2025, seguidas por uma alta de 50 p.b. — levando a taxa Selic para 14,75% a.a. em maio.

Preços de ativos selecionados¹

(1) Cotações tomadas às 8h BRT trazem o fechamento do dia dos ativos asiáticos, o mercado ainda aberto para ativos europeus e futuros e o fechamento do dia anterior para os ativos das Américas.

(2) Ativos de renda fixa apresentam a variação em pontos-base (p.b.), esta é a forma como o mercado expressa variações percentuais em taxas de juros e spreads. O ponto-base é igual a 0,01% ou 0,0001 em termos decimais. Os demais ativos mostram a variação em percentual.                 

Fonte: Bloomberg.

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