Informe Diário
16/09/2024 • 4 mins de leitura
Antes da superquarta, ativos de risco seguem em compasso de espera
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Os contratos futuros de ações norte-americanas operam próximos à estabilidade nesta sexta-feira (10), após o S&P 500 e o Nasdaq encerrarem o pregão de ontem (09) em leve baixa, recuando de suas máximas históricas.
O impasse sobre o orçamento do governo dos Estados Unidos entra no décimo dia. Na quinta-feira, o Senado falhou novamente em chegar em um acordo e não há sinais de progresso nas negociações entre Republicanos e Democratas.
Com o bloqueio político prolongado, investidores encontram dificuldade em identificar novos catalisadores diante da ausência de dados econômicos do governo americano. Os resultados corporativos divulgados na quinta-feira, como os da Delta Air Lines e da PepsiCo, indicaram resiliência da demanda do consumidor, mas não foram suficientes para sustentar o avanço das ações ao longo do dia.
As taxas dos Treasuries recuam nesta sexta, refletindo o prolongamento da paralisação do governo e a consequente escassez de dados oficiais. A taxa de juros do título de 10 anos cai mais de 3 pontos base, a 4,11%, enquanto a de 2 anos recua pouco mais de 1 p.b., a 3,58%. A taxa de trinta anos perde mais de 4 p.b., a 4,69%.
O ouro volta a ser negociado abaixo de US$ 4.000,00 por onça-troy, mas segue a caminho do oitavo ganho semanal consecutivo, sustentado por fatores estruturais.
O movimento de realização de lucros após as máximas recordes reflete a redução das tensões geopolíticas, depois de Israel aprovar o plano do presidente Donald Trump para um cessar-fogo e a libertação de reféns em Gaza.
Os preços do petróleo recuam nas negociações iniciais, também influenciados pelo acordo mediado pelos Estados Unidos. O Brent e o WTI caem 0,50%, cotados a US$ 64,88 e US$ 60,76 por barril, respectivamente.
Os mercados da Ásia-Pacífico encerraram o dia em queda, acompanhando o desempenho negativo de Wall Street, enquanto investidores reavaliam as perspectivas econômicas globais.
Na Europa, as bolsas operam de forma mista nesta manhã, em meio a sinais cautelosos de que o acordo de paz intermediado por Trump começa a ganhar tração no Oriente Médio.
Ontem o Ibovespa fechou em queda de 0,31%, aos 141.708 pontos. O dólar encerrou em alta de 0,58%, a R$ 5,375, enquanto as taxas de juros recuaram levemente ao longo de toda a curva.
Brasil: A inflação medida pelo IPCA avançou 0,48% em setembro, abaixo das expectativas do mercado (0,52%) e da nossa projeção (0,55%). O resultado reflete uma dinâmica mais benigna dos núcleos, com desaceleração nos preços de serviços e bens.
Quedas em alimentos, eletroeletrônicos, seguros de veículos e comunicação compensaram a alta nas tarifas de energia elétrica após o fim do bônus de Itaipu.
Os núcleos de inflação apresentaram desaceleração mais forte do que o esperado. A variação passou de 0,30% em agosto para 0,19% em setembro, enquanto a taxa em 12 meses permaneceu em 5,1%. A média móvel trimestral anualizada recuou para 4,4%. O núcleo de bens desacelerou para 0,09%, influenciado pela deflação de eletroeletrônicos e carros usados, com a taxa anual caindo para 3,6%.
Nos serviços, a pressão também diminuiu, puxada pela queda nas passagens aéreas e nos seguros de veículos. O núcleo de serviços, excluindo passagens aéreas, avançou apenas 0,03% no mês, e a média móvel trimestral anualizada recuou de 5,8% em agosto para 4,8% em setembro. Ainda assim, a desinflação dos serviços segue como o principal desafio para o Banco Central no processo de convergência da inflação à meta.
A combinação entre inflação mais controlada e sinais de enfraquecimento da atividade econômica — evidentes na indústria, no varejo e no mercado de trabalho — cria espaço para uma mudança gradual na política monetária. Esse cenário reforça a expectativa de que o Banco Central possa iniciar um ciclo de cortes na taxa Selic nos próximos meses.
Para outubro, a projeção é de alta de 0,30% no IPCA. A estimativa para 2025 foi revisada de 5,0% para 4,8%.
Brasil: O diretor de política monetária do Banco Central, Nilton David, afirmou nesta quinta-feira que a decisão de manter a taxa Selic em 15% a.a. reflete a necessidade de consolidar a convergência da inflação para a meta de 3%. Ele observou que, embora as expectativas de preços tenham recuado, ainda permanecem acima do objetivo, e que a moderação do PIB é parte do ajuste necessário para garantir a estabilidade econômica.
David destacou que o mercado de trabalho tende a reagir com defasagem às mudanças de política monetária, o que pode permitir ao Copom iniciar uma flexibilização antes de uma deterioração mais clara dos indicadores de emprego. No entanto, defendeu cautela, ressaltando a importância de decisões baseadas em dados consistentes e não em movimentos voláteis.
Sobre o câmbio, ele afirmou que o comportamento recente reflete uma correção do movimento atípico observado em 2024.
(1) Cotações tomadas às 8h BRT trazem o fechamento do dia dos ativos asiáticos, o mercado ainda aberto para ativos europeus e futuros e o fechamento do dia anterior para os ativos das Américas.
(2) Ativos de renda fixa apresentam a variação em pontos-base (p.b.), esta é a forma como o mercado expressa variações percentuais em taxas de juros e spreads. O ponto-base é igual a 0,01% ou 0,0001 em termos decimais. Os demais ativos mostram a variação em percentual.
Fonte: Bloomberg.
Por:
Alexandre Mathias | Luciano Costa | Bruno Benassi |
Estrategista-chefe da Monte Bravo Corretora | Economista-chefe da Monte Bravo Corretora | Analista de Ativos CNPI: 9236 |