Decisão do Copom e ajuste fiscal estão no centro das atenções no mercado doméstico - Monte Bravo

Decisão do Copom e ajuste fiscal estão no centro das atenções no mercado doméstico

07/11/2024 às 09:03

07

Quinta

Nov

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  • Mercados ainda digerem a eleição de Donald Trump nos EUA;
  • Investidores questionam como será a condução da maior economia do mundo com o presidente eleito;
  • Na agenda do dia, Federal Reserve e Banco da Inglaterra anunciam taxas de juros;
  • Por aqui, o mercado processa o aumento da Selic na reunião do Copom;
  • Investidores aguardam pelo pacote de ajuste fiscal, que deve ser finalizado nesta semana.

Mercados

Os mercados globais continuam reagindo à vitória de Donald Trump nas eleições. A vitória do republicano na corrida para a Casa Branca impulsionou uma alta nas ações, que levou o índice Dow Jones a subir mais de 1.500 pontos. O Dow, o S&P 500 e o Nasdaq alcançaram novos recordes históricos na sessão, enquanto o Russell 2000, focado em pequenas empresas, saltou mais de 5%.

Os mercados questionam se Trump irá implementar cortes de impostos e tarifas elevadas medidas que poderiam estimular o crescimento econômico, mas também ampliar o déficit fiscal e reacender a inflação. A possível política de Trump é inflacionária, o que poderia levar o Federal Reserve a desacelerar os cortes nas taxas de juros. Além disso, um déficit fiscal crescente e uma disciplina fiscal reduzida pressionariam as taxas de juros para cima.

As decisões de política monetária do Federal Reserve dos EUA e do Banco da Inglaterra também estão em foco nesta quinta-feira (07). Espera-se que o Fed reduza as taxas de juros em 25 pontos base ainda hoje.

As taxas de juros dos Treasuries estão ligeiramente mais baixas nesta quinta. O título de 10 anos caiu para 4,41% após subir mais de 14 p.b. e atingir 4,43% na sessão anterior — o nível mais alto desde julho. O título de 2 anos recuou para 4,25%.

O dólar se manteve próximo de uma máxima de quatro meses hoje. O índice do dólar, que mede a moeda norte-americana em relação a seis pares importantes, caiu 0,05%, para 105,06, após atingir 105,44 na sessão anterior — a maior marca desde 3 de julho.

Os preços do petróleo subiram nesta quinta. Os riscos de oferta de petróleo decorrentes de uma presidência de Trump e de um furacão que se forma na Costa do Golfo superaram o impacto de um dólar mais forte e de estoques mais elevados. Os futuros do petróleo Brent subiram US$ 0,26, ou 0,35%, para US$ 75,18 por barril.

Os mercados asiáticos, em sua maioria, subiram em meio a negociações voláteis hoje. A mídia estatal chinesa relatou que o comitê permanente do Congresso Nacional do Povo, o parlamento do país, revisou o plano para aumentar a dívida dos governos locais por mais um dia, após discutir inicialmente o plano na segunda-feira (04).

Ontem (06), no Brasil, o Ibovespa fechou em baixa de 0,24%, aos 130.341 pontos. O dólar à vista fechou em baixa de 1,26%, a R$ 5,6759. O foco do mercado local continua sendo a expectativa sobre o pacote fiscal do governo.

Economia

Brasil: A produção nacional de veículos avançou 1,5% na margem em outubro. Embora esse crescimento não tenha compensado totalmente a retração de 9,5% acumulada nos dois meses anteriores, o volume de produção alcançou seu terceiro maior patamar desde fevereiro de 2021. Na comparação anual, o aumento foi de 24,7%, o segundo maior do ano e o melhor outubro desde 2019, levando o acumulado do ano a 2,123 milhões de unidades — 8,9% superior ao mesmo período de 2023. O crescimento acumulado nos últimos doze meses também acelerou, passando de 3,6% para 5,9%.

Os segmentos de veículos mostraram desempenhos distintos: os leves cresceram 1,8% na margem, impulsionados pelo aumento na produção de automóveis, enquanto os pesados recuaram 2,3% após forte alta em setembro. Os estoques, por sua vez, caíram 3,4% no mês, acumulando uma baixa de 5,9% nos últimos três meses. Apesar disso, ainda permanecem acima da média histórica pelo oitavo mês consecutivo, com o equivalente a 30 dias de vendas, ligeiramente abaixo da média de 34 dias.

Brasil: O Copom elevou em 0,50 p.p. a taxa Selic, passando de 10,75% para 11,25% a.a, em decisão unânime. O crescimento da economia acima do potencial, o mercado de trabalho aquecido, a desancoragem das expectativas de inflação, a taxa de câmbio depreciada e as incertezas fiscais foram determinantes para a continuidade do balanço de riscos assimétrico para a inflação. Isso justifica a aceleração do ritmo de aperto de juros para 0,50 p.p.

O comunicado também reforçou a importância do anúncio de medidas estruturais para o equilíbrio fiscal, o que reduzirá o prêmio de risco e a depreciação da taxa de câmbio, contribuindo para a ancoragem das expectativas de inflação.

Na discussão sobre os próximos passos da política monetária, o Copom optou por não se comprometer com o ritmo e a magnitude total do ciclo de aperto. Essa opção por flexibilidade é importante nesse momento de definição das medidas fiscais e, caso as medidas sejam consideradas insuficientes e seja necessário, o Copom poderá acelerar o ritmo de alta nas próximas reuniões.

Mantemos a expectativa de que o ciclo de aperto elevará a taxa Selic para 12,00% a.a. no início de 2025, mas o risco permanece para a necessidade de uma alta maior nos juros. Ontem, publicamos uma análise completa sobre a decisão do Copom, que detalha a decisão e os impactos sobre os preços dos ativos e investimentos.

Preços de ativos selecionados¹

(1) Cotações tomadas às 8h BRT trazem o fechamento do dia dos ativos asiáticos, o mercado ainda aberto para ativos europeus e futuros e o fechamento do dia anterior para os ativos das Américas.

(2) Ativos de renda fixa apresentam a variação em pontos-base (p.b.), esta é a forma como o mercado expressa variações percentuais em taxas de juros e spreads. O ponto-base é igual a 0,01% ou 0,0001 em termos decimais. Os demais ativos mostram a variação em percentual.                 

Fonte: Bloomberg.

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