De olho no cenário regulatório, mercados buscam recuperação

03/09/2025 • 4 mins de leitura

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Mercados

Os mercados acionários estão buscando uma recuperação na manhã desta quarta feira (03). Investidores repercutem uma decisão favorável para a Alphabet, controladora do Google, em um caso importante de regulação antitruste.

O julgamento também repercute de maneira positiva para as ações da Apple, que poderia perder um acordo lucrativo com a Google caso fosse proibida de trazer o Chrome como um aplicativo de fábrica.

Um cenário regulatório menos duro também deve ser positivo para as ações de tech em geral, pois existiam receios de que a nova administração tentaria de alguma maneira diminuir a influência dessas grandes corporações na economia americana.

Um tema que temos acompanhado de perto e voltou a chamar atenção foi a venda massiva de títulos no mercado global que ganhou força impulsionada por crescentes temores sobre inflação persistente, maior volume de emissões de dívida e dúvidas quanto à disciplina fiscal. Os rendimentos dos bônus japoneses de 20 anos atingiram o nível mais alto desde 1999, enquanto as taxas dos Treasuries de 30 anos se aproximaram de 5%, um patamar considerado crucial pelos investidores.

Na terça-feira (02) também houve um aumento nos rendimentos dos títulos, com os investidores avaliando as consequências da decisão de um tribunal federal de apelações, na sexta-feira (29), de que muitas das tarifas globais do presidente Donald Trump são ilegais. A decisão pode forçar os EUA a reembolsar os bilhões arrecadados com as tarifas comerciais.

O rendimento dos Treasuries de 30 anos ultrapassou brevemente a marca de 5% durante a noite, antes de recuar. A cotação está em 4,96% nessa manhã. Os juros dos Treasuries de 2 anos estão em 3,65%. O rendimento dos títulos de 10 anos subiu para 4,27%.

O índice do dólar (DXY), que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de divisas, recua levemente 0,13%, para 98,27 pontos. O ouro avança, negociado a US$ 3.547 por onça. Os preços do petróleo recuam nesta quarta, com os contratos futuros de Brent para novembro negociados a US$ 67,92 por barril.

As bolsa asiáticas fecharam em queda, com destaque para as bolsas chinesas em queda, refletindo dados econômicos que continuam indicando uma desaceleração na economia chinesa. Na Europa as bolsas operam majoritariamente no positivo nessa manhã.

No Brasil, o Ibovespa encerrou em baixa de 0,67%, aos 140.335 pontos. O dólar comercial encerrou em alta de 0,64%, cotado a R$ 5,4748.

Economia

EUA: A atividade industrial mostrou sinais mistos em agosto, refletindo tanto avanços em pedidos quanto fraqueza em produção. O índice ISM de manufatura subiu 0,7 ponto, para 48,7 pontos, permanecendo abaixo da marca de 50 que separa expansão de contração e ligeiramente aquém da expectativa de uma recuperação mais robusta. Entre os componentes, pedidos avançaram para 51,4 pontos e o emprego mostrou leve melhora, enquanto a produção recuou para 47,8 pontos. Exportações cresceram marginalmente, mas importações caíram, sugerindo demanda externa ainda contida. Os prazos médios para entrega de insumos caíram para 84 dias, embora continuem mais longos que no período pré-pandemia, e o índice de preços pagos recuou para 63,7 pontos. O relatório destacou ainda 17 menções a tarifas, com empresas relatando custos mais altos e incertezas persistentes relacionadas à política comercial.

EUA: O PMI industrial foi revisado para baixo em agosto, de 53,3 para 53,0 pontos. O ajuste refletiu revisões negativas nos subíndices de novos pedidos e emprego, enquanto a produção ficou estável. Apesar de seguir em território de expansão, a revisão reforça a visão de que a recuperação do setor manufatureiro avança em ritmo desigual.

Brasil: A economia cresceu 0,4% no segundo trimestre, ligeiramente acima do esperado, com destaque para o consumo e as exportações. Pela ótica da oferta, a indústria e os serviços avançaram, enquanto a agricultura recuou menos do que o projetado. Em termos anuais, o PIB desacelerou para 2,2%, após crescimento de 2,9% no primeiro trimestre. O setor externo deu contribuição positiva, refletindo a queda das importações e a recuperação das exportações.

Apesar da resiliência do consumo, sustentado pelo mercado de trabalho aquecido e pelas transferências de renda, os investimentos recuaram 2,2%, pressionados pelos juros elevados, que afetam a produção de bens de capital e a construção civil. A demanda doméstica caiu 0,2% na margem, já refletindo os efeitos da política monetária restritiva. Entre os serviços, houve crescimento em segmentos como finanças, tecnologia e transportes, enquanto os serviços públicos recuaram. Na indústria, o bom desempenho da extração mineral compensou a fraqueza da indústria de transformação e da construção.

O resultado confirma a perda de dinamismo da economia e sustenta a expectativa de moderação do crescimento no segundo semestre. Mantemos a projeção de avanço de 1,9% para o PIB em 2025, com altas modestas no terceiro e quarto trimestres. Esse cenário deve reduzir o hiato do produto para níveis próximos da neutralidade até o fim do ano, abrindo espaço para o Banco Central iniciar o ciclo de cortes de juros em janeiro de 2026, com a Selic projetada em 11,0% ao ano em dezembro de 2026.

Preços de ativos selecionados¹

(1) Cotações tomadas às 8h BRT trazem o fechamento do dia dos ativos asiáticos, o mercado ainda aberto para ativos europeus e futuros e o fechamento do dia anterior para os ativos das Américas.

(2) Ativos de renda fixa apresentam a variação em pontos-base (p.b.), esta é a forma como o mercado expressa variações percentuais em taxas de juros e spreads. O ponto-base é igual a 0,01% ou 0,0001 em termos decimais. Os demais ativos mostram a variação em percentual.                 

Fonte: Bloomberg.

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Por:

Alexandre MathiasLuciano CostaBruno Benassi
Estrategista-chefe
da Monte Bravo Corretora
Economista-chefe
da Monte Bravo Corretora
Analista de Ativos
CNPI: 9236

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