Análise de Empresas
17/07/2024 • < 1 minuto de leitura
Análise de Empresas — Relatório de Produção Vale 2T24
A Vale divulgou na noite de terça-feira (16) sua prévia…
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A Cosan anunciou na noite de domingo (21) um aumento de capital de R$ 10 bilhões, que tem como objetivo melhorar sua estrutura de capital.
A estrutura proposta para o aumento de capital é pouco usual. A companhia realizará duas ofertas distintas, a primeira sendo ancorada pelos novos investidores estratégicos e a segunda para os demais acionistas. A estrutura escolhida irá resultar em um diluição grande dos atuais acionistas.
O preço da oferta foi definido em R$ 5,00, bem abaixo do fechamento das ações na última sexta-feira (19). Este é um dos motivos pelos quais as ações da companhia estão negociando hoje em forte queda.
A estrutura do aumento de Capital consiste em uma primeira oferta base de R$ 7,25 bilhões e uma emissão adicional de R$ 1,81 bilhões. Os principais acionistas não exercerão seus direitos na oferta adicional, deixando os direitos para os atuais acionistas minoritários.
Considerando apenas a emissão, sem a alocação das ações adicionais, os atuais minoritários vão ter uma diluição relevante de sua participação no Capital da companhia, caindo de 64% para 27,5%. Após as duas ofertas, e caso os minoritários exerçam suas posições, a participação será de 45%.
Os novos acionistas (BTG, Perfin) e o atual grupo de controle terão um lock-up de 4 anos e assinaram um acordo de acionistas para deliberar a relação entre eles. Apesar de não resolver a questão de sucessão da Cosan, a atual estrutura proposta dá pistas de qual pode vir a ser o futuro do controle da companhia.
Após a finalização da primeira oferta, a companhia realizará uma segunda oferta que visa captar R$ 550 milhões de reais e será destinada aos atuais acionistas da companhia. Essa oferta não terá lock-up para quem exercer seus direitos.
A companhia foi bastante clara sobre a utilização dos recursos, que serão utilizados apenas para melhorar a estrutura de capital da companhia e não serão utilizados para injetar capital na Raízen — que continua em um processo paralelo e independente para resolver suas questões.
Com a nova estrutura, a divida líquida da companhia deve atingir R$ 7,5 bilhões e ter numa economia anual entre R$ 1,5 bi e R$ 2 bi em juros, o que deve aumentar de maneira significativa os dividendos líquidos recebidos das suas investidas e resultar em uma nova política de dividendos nos próximos anos. Hoje, quase que a totalidade dos dividendos recebidos são utilizados para o pagamento das pesadas despesas financeiras da companhia.
A estrutura proposta, apesar da pesada diluição do acionista, deixa a companhia em uma situação financeira melhor do que a atual e evita a necessidade de venda de ativos em um momento de mercado bastante desafiador.
O ponto positivo — e talvez o que possa passar desapercebido no curtíssimo prazo — é o processo de troca de comando na companhia, que será ancorado por dois players bastante relevantes e com ótima experiência no segmento de infraestrutura.
Análise por Bruno Benassi, CNPI 9236, Analista de Ativos da Monte Bravo Corretora, CNPJ 50.489.148/0001-00.