Informe Diário
16/09/2024 • 4 mins de leitura
Antes da superquarta, ativos de risco seguem em compasso de espera
???? Para conferir o Informe Diário em formato PDF, clique…
📄 Para conferir o Informe Diário em formato PDF, clique aqui.
Os mercados globais reagem à decisão do Federal Reserve de reduzir a taxa dos Fed Funds — juros básicos dos EUA — na quarta-feira (17).
O Fed confirmou as expectativas ao anunciar um corte de 25 pontos base, levando a taxa dos Fed Funds para a faixa de 4,00% a 4,25% ao ano, o menor nível em quase três anos.
Embora o corte não tenha surpreendido, o gráfico de pontos — que revela as projeções individuais dos membros do comitê — expôs divergências. A mediana indica dois cortes em 2025 e mais um em 2026, o que levaria a taxa para 3,50%. Mas há uma divisão, pois a visão de dois cortes ainda em 2025 venceu a votação por 10 votos a 9 contra a projeção de apenas mais um corte.
Na coletiva de imprensa, o presidente do Fed, Jerome Powell, caracterizou o corte anunciado como uma medida de “gestão de risco”. Na próxima página, anexamos uma análise mais ampla da decisão do Fed.
As taxas dos Treasuries recuam levemente nesta quinta-feira (18). A taxa do Treasury de 10 anos cede para 4,05%, enquanto a de 2 anos recua para 3,52%. A taxa de 30 anos é negociada a 4,64%.
O índice do dólar (DXY) permanece estável em 96,90 pontos. O ouro disparou para uma máxima histórica ontem, impulsionado pelo corte de juros do Fed. Nesta manhã, o ouro à vista recua 0,20%, cotado a US$ 3.681 por onça.
Os mercados asiáticos encerraram o pregão com desempenho misto. O índice Nikkei 225, do Japão, avançou 1,13% e renovou sua máxima histórica, puxado pelos setores imobiliário e de tecnologia. Em Hong Kong, o índice Hang Seng caiu 1,31%, enquanto o CSI 300, da China continental, recuou 1,16%.
Na Europa, as bolsas abriram em alta nesta quinta. Os futuros dos índices norte-americanos também operam em território positivo.
Após a decisão do Fed ontem, o Ibovespa encerrou em alta de 1,06%, aos 145.594 pontos, um novo recorde de fechamento. O dólar comercial à vista fechou em ligeira alta, aos R$ 5,30, subindo 0,06%. Os juros futuros encerraram em queda ao longo de toda a curva.
No final do dia, o Copom anunciou a manutenção da taxa Selic em 15% ao ano, com a avaliação de que a política contracionista segue necessária por um tempo prolongado. Na última página, você confere nossa análise completa sobre a decisão de juros no Brasil.
EUA: As novas construções caíram 8,5% em agosto, para 1,31 milhão de unidades anuais ajustadas sazonalmente, ficando abaixo das expectativas de uma retração mais moderada. O Departamento de Comércio revisou para cima os números de julho e agosto.
As autorizações de construção também decepcionaram, caindo 3,7% para 1,31 milhão de unidades — o menor nível desde junho de 2020 — e contrariando projeções de alta. O recuo foi mais forte em projetos multifamiliares, mas também atingiu os unifamiliares. As autorizações diminuíram, reforçando sinais de desaceleração no setor imobiliário em meio a condições financeiras mais apertadas.
EUA: O Fed optou por reduzir em 25 pontos base a taxa de Fed Funds — juros base dos EUA — para a faixa-alvo de 4,00% a 4,25% a.a. O comunicado trouxe mudanças, com o comitê avaliando que os riscos negativos para o mercado de trabalho aumentaram desde a última reunião, justificando o corte de juros.
Além disso, a assimetria entre o risco de emprego e o de inflação levou o comitê a projetar um ciclo contínuo de cortes de 25 p.b. nas reuniões de outubro e dezembro, reduzindo a taxa de juros para 3,75% a.a. no final de 2025.
Para 2026, houve também a revisão do nível da taxa de juros, o que implica em um corte adicional de 25 p.b., o que esperamos que ocorra em janeiro de 2026 e leve a taxa de juros para 3,5% a.a.
Brasil: O Banco Central manteve a taxa Selic em 15% ao ano com votação unânime, como era amplamente esperado. Não houve grandes alterações no comunicado, com o Copom reforçando a postura dura e evitando sinalizar possibilidade de corte de juros no curto prazo.
As projeções de inflação para o 1° trimestre de 2027 — que é o horizonte relevante da política monetária — ficaram estáveis em 3,4%, o que justifica a manutenção da sinalização futura de que a taxa de juros permanecerá em “patamar significativamente contracionista” por período bastante prolongado.
(1) Cotações tomadas às 8h BRT trazem o fechamento do dia dos ativos asiáticos, o mercado ainda aberto para ativos europeus e futuros e o fechamento do dia anterior para os ativos das Américas.
(2) Ativos de renda fixa apresentam a variação em pontos-base (p.b.), esta é a forma como o mercado expressa variações percentuais em taxas de juros e spreads. O ponto-base é igual a 0,01% ou 0,0001 em termos decimais. Os demais ativos mostram a variação em percentual.
Fonte: Bloomberg.
Por:
Alexandre Mathias | Luciano Costa | Bruno Benassi |
Estrategista-chefe da Monte Bravo Corretora | Economista-chefe da Monte Bravo Corretora | Analista de Ativos CNPI: 9236 |