Informe Diário
16/09/2024 • 4 mins de leitura
Antes da superquarta, ativos de risco seguem em compasso de espera
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Hoje (17) é dia de decisão monetária do Federal Reserve, e muita coisa aconteceu desde a última reunião. Junto à decisão sobre a taxa básica de juros, o Fed também divulga nesta quarta-feira uma nova versão do gráfico de pontos (dot plot) e comentários seguidos de sessão de perguntas e respostas com o presidente Jerome Powell.
O mercado aposta majoritariamente em um corte de 25 pontos base, que levaria a taxa dos fundos federais para o intervalo entre 4,00% e 4,25%. As autoridades também devem oferecer mais detalhes sobre suas projeções para os juros ao longo do próximo ano, através do Summary of Economic Projections (SEP), ou gráfico de pontos, que revela a visão atual dos dirigentes sobre o rumo da política monetária em 2026 e além.
Investidores acompanham ainda possíveis dissensos entre os membros do Fed, após dois votos divergentes na reunião de julho. Operadores atribuem 96% de probabilidade a um corte de 25 p.b. e apenas 4% de chance para uma redução de 50 p.b. Os preços de mercado embutem 68 p.b. de afrouxamento monetário até o fim do ano e um total de 147 p.b. até o fim de 2026.
As taxas dos Treasuries permanecem estáveis nesta quarta. Os juros do Treasury de 10 anos recuam para 4,02%, enquanto a taxa de 2 anos cede menos de 1 p.b., para 3,51%. A taxa de 30 anos, por sua vez, apresenta variação marginal, negociada a 4,64%.
O índice do dólar (DXY) sobe 0,10%, cotado a 96,80 pontos, após ter atingido na véspera o menor nível em mais de dois meses.
O ouro recua nesta quarta, pressionado pela leve alta do dólar e por realização de lucros, após ter atingido máxima histórica na sessão anterior. O ouro à vista cai 0,20%, negociado a US$ 3.681,23 por onça.
Os preços do petróleo também recuam, após alta superior a 1% na véspera. Tensões geopolíticas continuam a oferecer suporte ao mercado, enquanto operadores aguardam o corte de juros esperado pelo Fed. O Brent para entrega futura recua US$ 0,42, ou 0,60%, para US$ 68,04 por barril.
Na Ásia, as bolsas fecharam sem direção única. Xangai (+0,37%), Shenzhen (+1,16%) e Hang Seng (+1,78%) encerraram em alta, enquanto o Nikkei, no Japão, caiu 0,17%.
As bolsas europeias abriram majoritariamente em alta, enquanto os futuros dos índices acionários dos Estados Unidos operam próximos da estabilidade. O Ibovespa renovou a máxima aos 144.062 pontos ontem (16), com alta de 0,36%. O dólar fechou em queda de 0,43%, cotado a R$ 5,29 — o menor patamar desde junho de 2024 — e contribuiu para os juros futuros fecharem em baixa ao longo de toda a curva.
EUA: As vendas no varejo superaram as expectativas em agosto, sustentadas por um avanço sólido no núcleo das vendas — excluindo automóveis, gasolina e materiais de construção —, que cresceu 0,7% no mês, enquanto o gasto total subiu 0,6%. As vendas de veículos e postos de gasolina avançaram 0,5% cada, e as de materiais de construção, 0,1%. O crescimento foi puxado por varejistas online (+2,0%), lojas de artigos esportivos (+0,8%) e serviços de alimentação (+0,7%), enquanto departamentos, móveis e outras lojas apresentaram retração. Ajustadas pela inflação, as vendas centrais reais subiram 0,6% em agosto, acumulando alta anualizada de 6,3% em três meses.
EUA: No lado dos preços, os custos de importação aumentaram 0,3% em agosto, com ganhos disseminados em bens de consumo, de capital e insumos industriais, embora alimentos e bebidas tenham recuado. Passagens aéreas internacionais, usadas como referência para o componente de viagens externas do núcleo do PCE, avançaram 4,5%. Considerando esses dados, o núcleo do índice PCE deverá subir 0,2% no mês e 2,9% em termos anuais.
EUA: A produção industrial avançou 0,1% em agosto, contrariando as expectativas de queda. Entre os segmentos, a produção de veículos automotores registrou forte alta de 6,0%, atingindo 11 milhões de unidades. Em contrapartida, a categoria de equipamentos empresariais, sensível a investimentos, recuou 0,1%, e o setor de utilidades, que impacta diretamente o consumo nas contas do PIB, caiu 2,0%. A utilização da capacidade instalada permaneceu estável em 77,4% após revisão negativa do dado de julho.
Brasil: A taxa de desemprego caiu para 5,6% no trimestre encerrado em julho de 2025, 1,2 ponto percentual abaixo do nível registrado no mesmo período do ano anterior. Historicamente, a taxa tende a recuar nesse período do ano, salvo em momentos de crise econômica. Com ajuste sazonal, o desemprego ficou em 5,7%, refletindo ligeira alta de 0,1% na população ocupada e queda de 0,1% na força de trabalho.
A taxa de participação recuou 0,1 ponto percentual em relação ao trimestre anterior, atingindo 62,3% — ainda 0,4 ponto abaixo da média pré-pandemia entre 2012 e 2019.
O rendimento médio subiu 4,1% em termos reais na comparação anual em julho. A predominância de empregos formais tem sustentado os rendimentos médios, já que posições com carteira assinada oferecem maior estabilidade e remuneração. Além disso, o reajuste do salário mínimo acima da inflação continua impulsionando a renda, reforçando a melhora gradual no mercado de trabalho. Com os fortes ganhos salariais e o aumento da ocupação, a massa salarial real cresceu 6,7% em termos anuais em julho, acelerando em relação ao ritmo médio de alta de 6,0% observado no 1° semestre desse ano.
(1) Cotações tomadas às 8h BRT trazem o fechamento do dia dos ativos asiáticos, o mercado ainda aberto para ativos europeus e futuros e o fechamento do dia anterior para os ativos das Américas.
(2) Ativos de renda fixa apresentam a variação em pontos-base (p.b.), esta é a forma como o mercado expressa variações percentuais em taxas de juros e spreads. O ponto-base é igual a 0,01% ou 0,0001 em termos decimais. Os demais ativos mostram a variação em percentual.
Fonte: Bloomberg.
Por:
Alexandre Mathias | Luciano Costa | Bruno Benassi |
Estrategista-chefe da Monte Bravo Corretora | Economista-chefe da Monte Bravo Corretora | Analista de Ativos CNPI: 9236 |