Análise
08/05/2024 • 3 mins de leitura
Monte Bravo Analisa | Copom reduz taxa Selic para 10,50% a.a.
Após a reunião desta quarta-feira (08), O Comitê de Política…
A sobretaxa de 50% anunciada ontem (09) pelo presidente dos EUA, Donald Trump, a produtos brasileiros é proibitiva e provavelmente inviabiliza o mercado norte-americano. Contudo, como a pauta exportadora do Brasil é predominantemente composta por commodities, o mais provável é que haja um deslocamento para outros mercados, com impacto relevante, mas menos dramático sobre as exportações brasileiras.
A alíquota de 50% entra em vigor em 1º de agosto e atinge “qualquer e todo produto brasileiro”, segundo carta divulgada por Trump. Ele também instruiu o Escritório do Representante de Comércio dos EUA a abrir uma investigação formal contra o Brasil, com base na Seção 301 da Lei de Comércio de 1974.
A nova tarifa extrapola o âmbito comercial e marca uma escalada em disputas que utilizam o comércio como instrumento geopolítico — algo particularmente delicado e controverso no contexto das relações internacionais.
As tensões se intensificaram com a ordem da Justiça americana de intimar um ministro do STF no caso envolvendo empresas de Trump e censura.
Na prática, o Brasil não tem espaço, nem deveria, para ceder às demandas de Trump no âmbito do Judiciário.
Um outro argumento utilizados por Trump foi o de “déficits comerciais insustentáveis” com o Brasil. No entanto, trata-se de um equívoco, pois os dados indicam que é o Brasil que mantém déficit com os Estados Unidos.
É altamente provável que a nova ofensiva tarifária tenha como pano de fundo a aproximação do Brasil com os BRICS, especialmente diante das críticas que Lula disparou na cúpula do grupo. Isso tende a acirrar o distanciamento entre Brasil e EUA, ao mesmo tempo em que reforça os laços entre os países do bloco.
Nesse contexto, o Brasil deve estreitar ainda mais suas relações com a China. A corrente de comércio entre os dois países supera os US$ 160 bilhões, mais do que o dobro da corrente entre Brasil e EUA, que não chega a US$ 70 bilhões. O acordo entre Mercosul e União Europeia também representa uma alternativa relevante para mitigar as perdas no acesso ao mercado norte-americano.
Ainda que os impactos no curto-prazo — caso as tarifas sejam mantidas neste nível — seja relevante, em especial no âmbito setorial e das empresas; o impacto sobre o cenário macroeconômico é limitado. Assim, em princípio, iremos manter o cenário base de câmbio (R$ 5,80), IPCA (5,50%) e PIB (1,90%) em 2025.