Risco fiscal nos EUA impulsiona juros e diminui apetite ao risco dos mercados

19/05/2025 • 4 mins de leitura

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Mercados

Os mercados globais estão iniciando a semana em um tom cauteloso por conta do risco fiscal dos EUA. Embora a imprensa enfatize o rebaixamento pela Moody’s (veja mais abaixo), a elevação do risco — percebida pela alta das taxas de juros — reflete a aprovação de um Orçamento que amplia os déficits.

A Câmara dos EUA aprovou no domingo um projeto de lei orçamentário que aumenta os déficits projetados em quase US$ 3,00 trilhões.

A trajetória atual da dívida pública em relação ao PIB já tenderia a subir de 100% para 117%, ultrapassando o pico do pós-Segunda Guerra Mundial, segundo o Escritório de Orçamento do Congresso (CBO). Em comparação com esse cenário, o projeto republicano ampliaria os déficits em cerca de 13,00%, reduzindo alguns gastos, mas diminuindo ainda mais a arrecadação.

“Enquanto os republicanos fazem campanha prometendo reduzir os gastos e controlar o crescimento da dívida, quando colocaram suas ideias no papel, demonstraram que se importam muito mais com cortes de impostos”, disse Romina Boccia, diretora do Instituto Cato.

No front geopolítico, o presidente dos EUA, Donald Trump, realizará uma ligação com o presidente da Rússia, Vladimir Putin.

Na sexta-feira (16), a Moody’s rebaixou a classificação de crédito dos EUA de Aaa para Aa1, alinhando-se às suas concorrentes. A agência justificou a decisão pelo aumento do ônus no financiamento do déficit do governo e pelo elevado custo de refinanciamento da dívida em um ambiente de altas taxas de juros.

Com esse rebaixamento, a Moody’s se junta às demais grandes agências. A S&P iniciou o movimento em 2011 e a Fitch seguiu em 2023, reduzindo a nota dos EUA para AA+. Como é a última agência a fazer movimento, nos parece improvável que o mercado tenha se movido por esse motivo.

Nesta segunda-feira (19), os juros dos Treasuries dispararam. O título de 30 anos subiu mais de 10 pontos base, para 5,02%, enquanto o de 10 anos também avançou 10 p.b., chegando a 4,55%. Já o papel de 2 anos teve alta de mais de 2 p.b., atingindo 4,00%.

O dólar cai 0,90%, com o DXY de volta a 100,20 pontos. Os preços do ouro avançam, impulsionados pela queda do dólar e por tensões comerciais após o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, reafirmar as ameaças tarifárias de Trump. O ouro à vista subiu 0,70%, cotado a US$ 3.223,55 por onça.

Os mercados asiáticos recuaram, avaliando os novos dados econômicos da China e a alta dos juros nos EUA

Na Europa, as bolsas abriram em baixa, com o índice EuroStoxx caindo 0,80%, em linha com os futuros em Wall Street.

Na sexta-feira, o Ibovespa fechou em queda de 0,11%, aos 139.187,00 pontos. Na semana, o índice subiu 1,96%. O dólar à vista fechou em leve baixa de 0,20%, aos R$ 5,67. Na semana, a moeda americana acumulou alta de 0,25%.

Economia

China: as vendas no varejo cresceram 5,10% em abril na comparação anual, abaixo da estimativa de 5,50% dos analistas da Reuters. A produção industrial teve alta de 6,10% no mesmo período, superando a expectativa de 5,50%, mas desacelerando em relação ao salto de 7,70% registrado em março — indicando que o impacto das tarifas dos EUA não foi tão severo quanto previsto, por enquanto.

O investimento em ativos fixos cresceu 4,00% nos primeiros quatro meses de 2025, desacelerando em relação aos 4,20% do primeiro trimestre. Indústrias manufatureiras, afetadas pelo conflito comercial com os EUA, reduziram o crescimento de 9,10% para 8,80%. Em contraste, o investimento em infraestrutura manteve-se estável em 5,80%.

Destaques do Boletim Focus do Banco Central (02/05/2025):

  • IPCA/2025 caiu de 5,51 para 5,50, enquanto o IPCA/2026 fiocu estável em 4,50%
  • PIB/2025 subiu de 2,00% para 2,02%, enquanto o PIB/2026 ficou estável em 1,70%;
  • Dólar/2025 caiu de R$ 5,85 para R$ 5,82, enquanto o Dólar/2026 ficou estável em R$ 5,90;
  • Selic/25 ficou estável em 14,75% a.a., enquanto a Selic/2026 ficou estável em 12,50% a.a.;
  • Primário/25 ficou estável em -0,60%, enquanto Primário/26 ficou estável em -0,66%.

Para acessar o relatório completo, clique aqui.

Preços de ativos selecionados¹

(1) Cotações tomadas às 8h BRT trazem o fechamento do dia dos ativos asiáticos, o mercado ainda aberto para ativos europeus e futuros e o fechamento do dia anterior para os ativos das Américas.

(2) Ativos de renda fixa apresentam a variação em pontos-base (p.b.), esta é a forma como o mercado expressa variações percentuais em taxas de juros e spreads. O ponto-base é igual a 0,01% ou 0,0001 em termos decimais. Os demais ativos mostram a variação em percentual.                 

Fonte: Bloomberg.

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Por:

Alexandre MathiasLuciano CostaBruno Benassi
Estrategista-chefe
da Monte Bravo Corretora
Economista-chefe
da Monte Bravo Corretora
Analista de Ativos
CNPI: 9236

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